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Notícias | País Ciência e saúde

Carta assinada por pesquisadores e ganhadores do Nobel, alerta para ataques à ciência no Brasil

Documento é assinado por brasileiros membros de diferentes universidades e institutos científicos, além de outros países. O texto alega que a ciência brasileira sofre com cortes orçamentários, perseguições e a instrumentalização para fins eleitorais

Publicado em: 20.04.2021 às 10:38 Última atualização: 20.04.2021 às 10:40

Registro de aglomeração provocada pelo presidente Jair Bolsonaro Foto: Reprodução

Ataques à ciência, corte de investimentos e propagação de informações sem comprovação. Por meio de uma carta, cientistas e pesquisadores, incluindo três ganhadores do prêmio Nobel, se uniram para defender o exercício da ciência no Brasil. Além disso, eles criticam a atuação do governo durante a pandemia.

Conforme o G1, o grupo afirma que a área está sob ataque do governo Bolsonaro.

O documento "destinado aos acadêmicos de diferentes continentes em solidariedade a seus colegas do Brasil e ao povo brasileiro” foi publicado em 7 de abril. Leia a íntegra abaixo.

Até a segunda-feira (19), a carta já somava mais de 200 assinaturas, incluindo três pesquisadores laureados com o Nobel: Michel Mayor (Nobel de física em 2019), Peter Ratcliffe (Nobel de medicina em 2019) e Charles Rice (Nobel de medicina em 2020).

A carta também é assinada por brasileiros membros de diferentes universidades e institutos científicos. No texto, os signatários afirmam que a ciência brasileira sofre com cortes orçamentários, perseguições e a instrumentalização para fins eleitorais.

O documento foi assinado, por membros de universidades de países como França, Canadá, Marrocos, Senegal, África do Sul, Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Holanda, Bélgica, Mianmar, Alemanha, Espanha, Argentina, Colômbia, México e Suécia.

Responsabilidade do governo

O grupo ainda aponta o governo do presidente Jair Bolsonaro como o responsável pela proliferação de informações falsas referentes a Covid-19. Tal situação teria sido um agravante da situação da pandemia no País.

Documento na íntegra

Carta Aberta em solidariedade à ciência no Brasil


"Terça-feira, 6 de abril de 2021: o Brasil contabilizou 4.195 mortes ligadas à Covid-19. Ao todo, mais de 340 mil brasileiros já morreram desde o começo da pandemia. Se o coronavirus atinge todos os países do mundo, a amplitude da crise sanitária no Brasil não pode ser dissociada da gestão catastrófica do presidente Jair Bolsonaro. Ele deve ser denunciado por suas ações, que não apenas fez explodir o número de vítimas, mas acentuou a desigualdade no país.

Em várias ocasiões, o presidente da república do Brasil qualificou a Covid-19 como “uma gripezinha”, minimizando a gravidade da doença. Criticou as medidas preventivas, como o isolamento físico e a utilização de máscaras, e provocou inúmeras vezes aglomerações populares. Defendeu pessoalmente o uso da cloroquina, apesar de cientistas terem advertido sobre os efeitos tóxicos de sua utilização. Os pesquisadores que publicaram estudos científicos demonstrando que a utilização do medicamento aumentava o risco de morte de pacientes com Covid foram ameaçados no Brasil. Bolsonaro igualmente desencorajou a vacinação, chegando a sugerir, por exemplo, que as pessoas poderiam se transformar em “jacaré”. Entre o negacionismo, a proliferação de informações falsas e os ataques contra a ciência em plena crise sanitária, Bolsonaro mudou quatro vezes de ministro da Saúde.


A ciência no Brasil está sob fogo cruzado. De um lado, cortes orçamentários que golpeiam a pesquisa e ameaçam o trabalho de cientistas; de outro, a instrumentalização da ciência para fins eleitorais, como mostram as declarações do presidente. Não é possível esquecer também os ataques de Bolsonaro ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), num contexto alarmante de altos níveis de desmatamento na Amazônia.

Negando a ciência, Bolsonaro não apenas atinge a comunidade científica, mas a sociedade brasileira em sua totalidade. Os números da devastação desde o início da pandemia só faz aumentar; de acordo com os dados da Fiocruz, quase 92 novas cepas de coronavirus foram identificadas, transformando o país numa verdadeira usina de variantes, e a estas estatísticas deve-se acrescentar os impactos sobre o meio-ambiente, sobre povos tradicionais da Amazônia e sobre o clima em todo o mundo.

Neste contexto de crise sanitária, agravamento da desigualdade e mudança climática, este tipo de comportamento é inaceitável e o presidente deve ser responsabilizado por seus atos. Estamos preocupados com o agravamento da crise no Brasil e os ataques à ciência. Nesta carta aberta, queremos manifestar nossa solidariedade com nossos colegas no Brasil, cuja liberdade está ameaçada. Manifestamos igualmente nossa solidariedade com a população brasileira, que vem sendo diariamente afetada por esta política destruidora."


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