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Notícias | País Baixa temperatura

Mesmo com estrutura, Vale do Sinos não receberá doses do primeiro lote da Pfizer

Conforme a Anvisa, frascos podem ser mantidos em temperaturas entre -25º e -15º por até duas semanas. Após esse período, doses devem ser armazenadas em congelador ultrafrio

Por Joyce Heurich
Publicado em: 22.04.2021 às 14:50 Última atualização: 02.06.2022 às 16:09


Entre o fim de abril e a primeira quinzena de maio, o Brasil deve passar a contar com um terceiro imunizante contra a Covid-19: a vacina da Pfizer. A farmacêutica americana prevê entregar, nas próximas semanas, 1.000.350 milhão de doses ao governo federal, segundo o Ministério da Saúde. Trinta mil doses virão para o Rio Grande do Sul. Diferentemente do Coronavac/Butantan e do Oxford/AstraZeneca, esse imunizante exige condições especiais de armazenamento. Por essa razão, as doses ficarão concentradas na capital, apesar da estrutura disponibilizada por universidades do Vale do Sinos. Veja os detalhes abaixo.

Inicialmente, a orientação era de que os frascos da Comirnaty (vacina da Pfizer) fossem mantidos em congeladores ultrafrios, com temperatura entre - 90 graus e - 60 graus. Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou uma atualização na bula, liberando o armazenamento em temperaturas entre -25 graus e -15 graus por até 14 dias. Após esse período, no entanto, volta a valer a orientação inicial, de acondicionamento em temperaturas extremas.

Se retirada do congelador, a Comirnaty pode ficar por no máximo cinco dias em geladeiras de uso doméstico, em temperaturas positivas, entre 2 e 8 graus. São esses equipamentos, mais simples, que as salas de vacina dos municípios possuem.

Mas o caminho do imunizante desde o laboratório da Pfizer até as cidades do interior dos estados é longo. No Rio Grande do Sul, a Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Ceadi) é quem recebe os imunizantes. Ela tem condições de armazenar os frascos a - 20 graus, mas, uma vez retirados do congelador do Ceadi, o período de cinco dias começa a contar.

Dali, as vacinas partem para as Centrais Regionais de Saúde e, somente depois, às salas de vacinação municipais. As cidades ainda precisam se organizar para aplicar essas doses dentro do tempo limite. Com um intervalo justo, o desafio é dar vazão aos imunizantes para evitar desperdício.

Por conta dessa peculiaridade, as cerca de 30 mil doses que chegarão ao Estado nas próximas semanas serão todas aplicadas em Porto Alegre. Universidades do Vale do Sinos chegaram a oferecer ultracongeladores, onde as doses poderiam ser mantidas nas temperaturas negativas exigidas, mas a estrutura não será aproveitada desta vez.

"O Estado já fez levantamento com as universidades que teriam disponíveis ultrafrezers, mas o Estado ainda vai planejar essa logística junto com as regionais e os municípios. Essa logística de trabalhar com uma vacina com uma série de particulares, a gente vai ter que construir esse processo", afirma Tani Ranieri, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).

Feevale e Unisinos disponibilizam estrutura

Material pode ser conservado em freezers de temperatura ultrabaixa, em dois laboratórios da Feevale Foto: Feevale/Divulgação

Na região, Feevale e Unisinos disponibilizaram estrutura adequada para armazenamento das vacinas. São freezers que podem alcançar 80 graus negativos. No RS, 15 instituições se prontificaram a ceder ultracongeladores, conforme levantamento do governo do estado.

De acordo com a gerente de Gestão de Pessoas da Unisinos, Sandra Lissot, a universidade tem livre um ultracongelador de 420 litros no laboratório de pesquisas em alimentos, com capacidade para armazenar 30 mil criotubos. Outros três equipamentos de - 66, - 50 e - 25 graus também foram colocados à disposição.

Já a Feevale possui cinco freezers no Laboratório de microbiologia, além de um sexto congelador no laboratório de toxicologia. Atualmente, parte deles é usada para guardar amostras clínicas de pesquisa. Juntos, os ultracongeladores teriam capacidade para armazenar milhares de doses, conforme a universidade, sendo que o número exato depende do tamanho da embalagem em que os frascos serão enviados.

O professor do mestrado em Virologia, Fernando Spilki, explica que esse tipo de equipamento, que alcança temperaturas tão baixas, não é comumente encontrado fora de universidades.

"Na maioria dos lugares, eles vão ter que contar com laboratórios de universidades. A capacidade desses freezers de chegar a - 80 graus não é comum, mas é um equipamento indispensável na área de virologia. Para nós, é relativamente corriqueiro", esclarece.

Governo negocia compra de novo lote

No total, o governo federal firmou contrato com a Pfizer para receber 100 milhões de doses de vacina. Até o fim de junho, a farmacêutica se comprometeu a entregar 5,5 milhões. O quantitativo total, segundo a empresa, deve ser enviado até o mês de setembro.

Em entrevista coletiva na última quarta-feira (21), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que as tratativas para firmar novo contrato com a Pfizer já estão avançadas, com vistas ao ano de 2022. Outras 100 milhões de doses são negociadas.

A Comirnaty é aplicada em duas doses e possui 95% de eficácia global. Em fevereiro de 2021, o imunizante contra a Covid-19 foi o primeiro a receber o registro definitivo da Anvisa. As demais, à época, estavam liberadas apenas para uso emergencial.

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