O único sobrevivente do ataque na creche Pró-Infância em Saudades, no Oeste catarinense, se recupera bem e já deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Chapecó. Na manhã desta quinta-feira (6), o pai do menino Henryque Martins Hübler, de 1 ano e 8 meses, Diego Hübler, 31 anos, seguia em direção ao Hospital da Criança para a troca de turno com a esposa. Ainda abalado com a tragédia, pediu que orassem pelo bebê e por todas as famílias em luto.
Na terça-feira (4), o bebê foi um dos alvos de Fabiano Kipper Mai, de 18 anos. Três coleguinhas de Henryque e uma professora morreram no local após golpes de uma adaga. Uma professora assistente foi socorrida, mas não sobreviveu.
Mesmo sob o trauma de estar com o filho gravemente ferido, o pai agradece e pede pelos que sofreram a perda trágica. "Temos que agradecer a todo o pessoal que está orando e também peço que continuem e orem também pelas famílias que perderam seus filhos porque o meu se salvou, mas isto é muito difícil para as famílias que perderam os deles. Tanto os pais das professoras e dos coleguinhas do Henryque. Não tem palavras", lamenta.
Pelas redes sociais, a esposa, Adriana Martins, contou que Henryque está melhor "apesar de ter muitas dores nos cortes e dificuldade de mamar por causa da dor".
De acordo com assessoria de imprensa da Associação Lenoir Vargas Ferreira (ALVF), no último boletim médico do menino, o estado de saúde dele era de "quadro estável e em recuperação". Inicialmente, Henryqye foi levado à UTI do Hospital Regional do Oeste (HRO), de onde foi transferido ao Hospital da Criança.
O autor do ataque, Fabiano Kipper Mai, seguia nesta quinta-feira sedado, na UTI, em recuperação pós-operatória no Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chapecó. O estado de saúde foi informado pela assessoria da Associação Lenoir Vargas Ferreira (ALVF).
A prefeitura de Saudades e o governo de Santa Catarina decretaram luto oficial de três dias. O prefeito Maciel Schneider suspendeu as atividades em todos os setores públicos municipais na tarde de 4 de maio, bem como o atendimento no dia 5 de maio de 2021. A Secretaria Municipal de Saúde atendeu apenas em regime de urgência. As aulas aulas e as atividades da Secretaria de Educação foram suspensas até o dia 7 de maio.
A governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr afirmou, em coletiva de imprensa, que “ é um momento muito doloroso para todos" e que “as pessoas não estão preparadas, não imaginam que possa acontecer.”
Já o prefeito Schneider disse que este foi o dia mais triste na história da cidade. “Jamais sonhávamos ou em algum pesadelo pudéssemos imaginar que poderíamos passar pelo momento que estamos passando”, lamentou.
Logo após a chacina, a secretária de Educação do município catarinense chamou o que viu de "cenas de terror" vistas no local. Assim que soube do ataque, Gisela Ivani Hermann correu para a escola Escola Infantil Pró-Infância Aquarela. "O cara entrou com o facão, uma das professoras tentou defender as crianças", revela. Segundo o relato de Gisela, o agressor estava "agonizando" no momento em que ela foi ao local.
No dia do atentado, Mai chegou de bicicleta à creche Pró-Infância. Eram por volta das 10 horas. No portão, foi atendido pela professora Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, a primeira a ser atacada. Mesmo ferida, ela tentou correr para avisar os colegas e proteger as crianças. O criminoso conseguiu, ainda, ferir e matar a agente educadora Mirla Renner, de 20 anos, além de três bebês. O bebê Henryque também foi atingido e teve perfurado o pulmão.
Outras professoras que estavam no local conseguiram se trancar nas salas e gritaram por socorro. Vizinhos que ouviram o barulho foram os primeiros a chegar e conseguiram deter o agressor até a chegada da Polícia Militar. "Ele, ao perceber que seria contido, começou a se auto-lesionar", disse Casagrande.
No local, Mai ainda teria perguntado quantas pessoas ele conseguiu matar, de acordo com um bombeiro que atendeu a ocorrência. Com ele, os policiais ainda encontraram uma segunda arma branca, menor, que não chegou a ser usada no crime.
Preso em flagrante, Mai sofreu um ferimento profundo no pescoço e foi levado ao Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, onde passou por cirurgia e é mantido sob custódia.
Com informações de Estadão Conteúdo