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Notícias | País 'Ato covarde'

Ataque em Saudades: 'ele queria matar o máximo possível', revela delegado

Responsável pela investigação afirma que Fabiano Kipper Mai, de 18 anos, queria comprar arma para atacar pessoas próximas, mas, como não conseguiu, resolveu descarregar seu ódio contra alvo mais frágil

Por Juliana Flor
Publicado em: 14.05.2021 às 11:58 Última atualização: 14.05.2021 às 12:41

Jovem invadiu escolinha Aquarela, em Saudades Foto: Reprodução/ Rádio Centro Oeste
Com o inquérito fechado, o delegado Jerônimo Marçal Ferreira revelou detalhes do ataque a uma creche de Saudades, cidade do Oeste catarinense. Em coletiva de imprensa, na manhã desta sexta-feira (14), o responsável pela investigação do massacre ocorrido na manhã da terça-feira (4) conta que Fabiano Kipper Mai agiu sozinho e tinha consciência do crime que cometeu. "Ele queria matar o máximo de pessoas. Estava com pressa para atingir o objetivo dele", relata o investigador, confirmando que a ação premeditada era planejada desde o ano passado. 

Antes do ataque, a dinâmica do assassino, de 18 anos, foi normal, com a ida ao trabalho e, no intervalo, ida para casa, de onde saiu diretamente para a Escola Infantil Pró-Infância Aquarela, ainda pela manhã. 

O agressor cumpre prisão preventiva e foi levado a presídio, onde deve ficar até o julgamento. Ele foi indiciado por cinco homicídios triplamente qualificados (duas professoras e três bebês) e pela tentativa de assassinato de um quarto bebê.

'Tentou comprar arma'

No início, o agressor tentou comprar uma arma pensando em atacar pessoas mais próximas, mas como não conseguiu, percebeu que não teria como agredir o alvo planejado. O delegado relata que raiva dele era contra qualquer pessoa e que escolheu a escola pela fragilidade das pessoas. "Ele trabalhou com várias possibilidades e escolheu o local de 4 a 5 dias antes do ataque", quando a faca, comprada pela Internet, chegou até ele.

O planejamento do crime incluía o suicídio, o que não se concretizou, pois Fabiano foi socorrido com vida, recebendo alta hospitalar na manhã da quarta-feira (12), após série de cirurgias nos locais dos golpes autoinflingidos.

Raiva e isolamento

A análise da investigação aponta que Fabiano era uma pessoa muito isolada. Ele tinha uma "dificuldade de relacionamento acima do normal", sendo que a mãe tinha que sair até para comprar suas roupas e ele nem sequer se alimentava junto da família. Nos últimos tempos, Fabiano entrou em um "mundo" com muita violência e "resolveu descarregar o ódio generalizado" contra a sociedade, um ato "covarde", define Ferreira.

"Pessoa normal"

Em relação ao estado mental de Fabiano, Ferreira confirma que ele é uma "pessoa normal", sem diagnostico de qualquer distúrbio. O agressor teve acompanhamento de profissional da área de psicologia para análise do perfil. Segundo o delegado, ele "sabia exatamente o que fez", algo que "o planejamento do crime deixa muito claro."

Além disso, reforça que ele tem discernimento de que foi errado, "mas fez mesmo assim." Na oitiva, confessou o ataque e se disse arrependido, mas Ferreira não sabe até que ponto, já que agora, ele está sendo punido.

Depoimentos

O inquérito, que deve ser enviado ainda nesta sexta-feira (14) ao Ministério Público catarinense, ouviu mais de 20 pessoas, além da análise dos dados do computador de Fabiano.

O depoimento do agressor aconteceu enquanto ele ainda estava hospitalizado. Questionado sobre a necessidade de uma nova oitiva com o assassino, o delegado é enfático ao confirmar que o caso "está bem esclarecido."

O equipamento apreendido passou por perícia e demonstrou que Fabiano tinha acesso a muito conteúdo inapropriado e contato com pessoas que tinham o mesmo tipo de ideia. Entretanto, não foi encontrada nenhuma contribuição de outras pessoas no crime.

Além disso, Ferreira afirma que, ao que tudo indica, Fabiano não tinha acesso à Deep Web, área da Internet sem regulamentação.

Família diz que não tinha ideia

De acordo com a investigação, a família não tinha noção dos planos de Fabiano. "Não só a família, como todas as pessoas [que o conheciam] não tinham ideia do que podia acontecer", afirma Ferreira. Quando a faca que custou cerca de R$ 400 chegou à casa de Fabiano, a família não teria entendido o motivo da compra.

Em relação à agressão a animais, como se cogitou no início da investigação, ele não teria chegado a matar animais, mas os provocava mais do que agredia, define o delegado.


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