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Notícias | País BOLSONARO NO G-20

Na contramão do mundo, emissões de gases do Brasil crescem 9,5% na pandemia

Presidente Jair Bolsonaro participa, no fim de semana, da Cúpula de Líderes do G20, o grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo

Publicado em: 29.10.2021 às 09:07 Última atualização: 29.10.2021 às 09:09

Apesar de a pandemia ter derrubado a economia brasileira, o País teve em 2020 um aumento de 9,5% nas emissões de gases do efeito estufa em relação a 2019, o que mostra o Brasil na contramão da tendência mundial, de queda de quase 7% no ano passado.

Bolsonaro desembarcou na Itália nesta sexta-feira
Bolsonaro desembarcou na Itália nesta sexta-feira Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Enquanto em países desenvolvidos a redução na poluição esteve ligada a menores atividade industrial e demanda de geração de energia, no Brasil houve alta no desmatamento da Amazônia e do Cerrado.

A fragilização no combate aos crimes ambientais na gestão Jair Bolsonaro é alvo de críticas de grupos econômicos, sociais e científicos no País e no exterior.

Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, que reúne 70 organizações ligadas à área ambiental.

Nesta sexta-feira (29), Bolsonaro desembarcou em Roma, capital da Itália, onde participa no fim de semana da Cúpula de Líderes do G20, o grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.

Compromissos

O único compromisso do dia para Bolsonaro é uma audiência com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, no Palácio do Quirinal. Na Itália, cujo sistema de governo é parlamentarista, o presidente é o chefe de Estado. Já a chefia de governo é exercida pelo primeiro-ministro, posto atualmente ocupado por Mario Draghi.

A comitiva presidencial é integrada pelos ministros Carlos França (Relações Exteriores) e Paulo Guedes (Economia). No sábado (30) e domingo (31), o presidente brasileiro participa das atividades do G20, onde deve ter outros encontros bilaterais com autoridades estrangeiras, além de reuniões internas.

O encontro dos principais líderes globais deve ter como temas centrais o enfrentamento à pandemia e a situação climática do planeta. Do lado brasileiro, estarão em pauta assuntos como saúde, tecnologia e meio ambiente, segundo informou o Palácio do Itamaraty.

Após o encontro do G20, o cronograma de Bolsonaro na Itália inclui viagem até a província de Pádua, onde está prevista uma cerimônia de entrega do título de cidadão honorário do município de Anguillara Veneta, seguida de um almoço oferecido pela prefeita da cidade, Alessandra Buoso. Ela é integrante do partido de direita italiano A Liga. Esta região também é tida como local de origem da família do presidente brasileiro, de onde seu bisavô paterno teria emigrado para o Brasil.

Já na terça-feira (2), o compromisso de Bolsonaro é na província de Pistoia, onde participará de um cerimônia em memória dos pracinhas brasileiros que lutaram pelas Forças Armadas brasileiras durante a Segunda Guerra Mundial. A cerimônia ocorrerá no Monumento Votivo Militar Brasileiro.

A previsão é que, depois deste compromisso, Bolsonaro retorne da Itália para o Brasil, onde deve chegar já na madrugada de quarta-feira (3). 

Coferência do clima

Na próxima semana, começa a 26.ª edição da Conferência do Clima (COP-26), em Glasgow, onde o Brasil pretende cobrar dos países desenvolvidos verbas para manter a floresta em pé. Segundo o relatório do Observatório do Clima, as emissões brutas no País atingiram 2,16 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) ante 1,97 bilhão de toneladas em 2019. Desde 2006, esse é o maior volume de emissões do Brasil.

Em 2020, a devastação na Amazônia chegou a 10.851 km², segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O SEEG utiliza dados do consórcio MapBiomas, que apresentam tendências semelhantes de alta no desmatamento, em meio ao avanço da grilagem de terras, do garimpo ilegal e da extração irregular de madeira.

As 782 milhões de toneladas de CO2e emitidas em 2020 na Amazônia pelas mudanças no uso do solo fazem com que a floresta, sozinha, seja uma das maiores fontes de emissão do planeta. Se ela fosse um país, seria o 9º maior emissor do mundo, à frente, por exemplo, da Alemanha. Se somadas às 113 milhões de toneladas de CO2e lançadas na atmosfera a partir do Cerrado, os dois biomas juntos poderiam ser o 8º país em maior emissão.

Menos renda

Em um ano marcado por queda de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB), as emissões de gases do efeito estufa do País cresceram, e a maior parte delas foi decorrente de atividade ilegal, que não cria nenhum tipo de riqueza. As emissões que de fato criam renda (como a agropecuária e a indústria) estão gerando menos, afetadas pela pandemia. Em 2019 o País gerava 1.199 dólares por tonelada de CO2e emitida; esse valor caiu para 1.050 dólares em 2020.

5º maior poluidor

Em relação às emissões globais, o Brasil é o 5º entre os maiores poluidores, com cerca de 3,2% do total mundial, atrás apenas de China, Estados Unidos, Rússia e Índia. O impacto do desmatamento nessa conta é tão grande que distorce até mesmo a média de emissão per capita. Em 2020, cada brasileiro emitiu a média de 10,2 toneladas brutas de CO2. A mundial é de 6,7 toneladas.

Dos cinco setores da economia responsáveis pela quase totalidade das emissões do Brasil, três tiveram alta (mudanças no uso da terra, agricultura, setor de resíduos), um teve queda (energia) e um seguiu estável (processos industriais). A aceleração da crise econômica fez com que as emissões do setor de energia regressassem aos níveis de 2011. As mudanças do uso da terra, porém, lançaram na atmosfera 23,6% a mais de gases, em relação a 2019.

Com informações de Estadão Conteúdo e Agência Brasil

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