Quase cinco anos depois, a taxa básica de juros voltou a atingir o patamar de dois dígitos. Com a decisão do Copom de elevar a Selic para 10,75% ao ano, a taxa ultrapassa seu valor no período de julho de 2017, quando estava a 10,25%. Para quem tem dinheiro guardado, essa é uma oportunidade de rendimento maior durante o ano. Por outro lado, isto quer dizer que empréstimos e financiamentos ficarão mais caros, por exemplo.
Professor da Feevale, José Antônio Ribeiro de Moura explica que o dinheiro “está mais caro”, por isso o consumidor deve avaliar o orçamento doméstico antes de tomar decisões. Antes de abrir a carteira, é preciso se perguntar sobre a necessidade de adquirir o bem e a utilidade que terá.
Grandes investimentos como casa própria e carro novo entram nesta avaliação. “O mercado imobiliário e de automóveis podem ser afetados, embora o brasileiro sonhe com a casa própria e em ter um carro, que dá liberdade e autonomia, mas reforço a necessidade de se olhar para o orçamento familiar e analisar se cabe.”
Quando a taxa Selic é menor que 8,5%, a poupança rende 70% da Selic, um rendimento de 0,44 ao mês ou 5,43% ao ano. Todavia, se a Taxa Selic ultrapassa 8,5%, a poupança rende sobre o valor depositado, 0,5% ao mês + TR (Taxa Referencial: foi criada para substituir as correções pelo IPCA e servir de referência para as demais taxas de juros no Brasil).
Por exemplo, uma taxa de juros de 8%, uma aplicação de R$ 1 mil rende R$ 54,30, totalizando R$ 1.054,30. Já com a taxa atual de 9,25% o rendimento da poupança, de 0,5% ao mês + TR (em torno de 0,05%), ou 6,17% ao ano + TR em torno de 0,05% e passa para R$ 68,00 ou no acumulado R$ 1.068,00.
Já a taxa projetada de 11,75% eleva o rendimento em torno de R$ 77,00 ou totalizando R$ 1.077,64.
Gerente de investimentos da Sicredi Pioneira, Arthur Müller Fiedler comenta que ao longo do ano a taxa de juros poderá ter novos aumentos. É possível que até o fim do ano, a Selic chegue a 12,25%, por exemplo. "Com novas altas, isso traz mais atratividade para a renda fixa."
Investimento preferido dos brasileiros, a poupança ficará atrativa com os juros altos. "Muita gente não olha só para a rentabilidade, mas para a liquidez que a poupança oferece. Então é uma solução de investimento simples e fácil, tem liquidez e é isenta de Imposto de Renda para pessoa física", pontua.
Fiedler explica que as altas nos juros que são esperadas para este ano se devem em razão do cenário inflacionário no País e também no exterior. Os preços das commodities devem se manter altos, além disso, a tensão internacional entre Rússia e Ucrânia influenciam o mercado econômico.
Mas o fator externo mais preponderante se deve ao movimento do Banco Central Americano que passa retirar estímulos e juros a partir de março. "Isso deve fazer com que países emergentes como o Brasil subam sua taxa de juros para tentar ficar mais atrativos e tentar controlar o nível de inflação internamente", explica.