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Notícias | País DESASTRE NO RJ

'Ela parou de responder', diz mulher que perdeu quatro familiares

Número de mortes pela chuva em Petrópolis chegou a 120

Publicado em: 18.02.2022 às 07:56 Última atualização: 18.02.2022 às 08:00

O número de mortes pela chuva em Petrópolis chegou a 120, segundo a Defesa Civil estadual. Na última terça-feira (15), forte temporal caiu sobre a cidade da região serrana fluminense, provocando deslizamentos e enchentes em vários pontos.

'Ela parou de responder', diz mulher que perdeu quatro familiares
'Ela parou de responder', diz mulher que perdeu quatro familiares Foto: Bombeiros RJ

Nesta quinta-feira, outro temporal atingiu a cidade, provocando novas enchentes. Ruas do centro histórico precisaram ser interditadas devido a alagamentos. Sirenes tocaram em alguns locais e pessoas tiveram que sair de suas casas em locais como a Quitandinha. Na comunidade 24 de Maio, novo deslizamento foi registrado.

De acordo com a Defesa Civil municipal de Petrópolis, núcleos de chuva de fraca a moderada se deslocam nesta sexta-feira em direção à cidade. O presidente da República, Jair Bolsonaro, deve sobrevoar o município durante a manhã. Em seguida, deve participar de reunião de trabalho com autoridades locais para definir medidas emergenciais. 

Perdas

A costureira Cristiane Ramos, de 49 anos, era uma das dezenas de pessoas que na manhã de quinta-feira esperava diante da Sala Lilás do posto de identificação do Instituto Médico-Legal (IML) de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Ela aguardava o momento de ser chamada para a liberação dos corpos da cunhada, Marise, de 42 anos, e dos sobrinhos Yuri (13), Vitória (11) e Cláudio (4), que morreram soterrados após deslizamento provocado pelas chuvas de terça-feira.

"Espero que isso acabe logo, para acabar de uma vez com o sofrimento da gente."

Cristiane contou que foi a última pessoa a conversar com a cunhada. Quando começou a chuva, ela chamou Marise pelo WhatsApp para saber como estava a situação na região próxima do Alto da Serra, uma das áreas mais atingidas. "Toda chuvinha eu entrava em contato, porque a gente se preocupa. Chamei ela e perguntei como estava, e poucos minutos depois ela simplesmente parou de conversar", relembrou.

"Ela falou que estava chovendo muito e que estava em casa com as crianças. Ela disse que tinha ido buscar a menina (Vitória) no colégio e pegado chuva no meio do caminho. Disse também que, quando ela chegou em casa, tinha caído uma barreira na frente da casa."

Minutos depois, Marise parou de responder. Os corpos dela e dos filhos foram resgatados já sem vida pelos bombeiros e encaminhados ao IML. Faltava, no fim da manhã desta quinta, apenas a finalização dos trâmites burocráticos para serem liberados.

"Meu irmão (pai das crianças e marido de Marise) estava trabalhando quando aconteceu. Ele está arrasado", lamentou Cristiane. "Eu espero que liberem logo isso para acabar com o sofrimento da gente. Eu sei que não é só com a gente, todo mundo que está aqui está querendo ter notícias. É difícil, é muito sofrido."

Além dela, pelo menos outras 30 pessoas aguardavam na frente do posto do IML para identificar os corpos de familiares ou, ainda, manter a esperança de encontrá-los com vida. De tempos em tempos, uma policial civil surgia na porta e lia uma lista de nomes.

Um casal, que pediu para não se identificar, acompanhava a leitura com sentimentos conflitantes. Eles têm a esperança de encontrar o filho com vida. "Ligamos para hospitais e para a polícia, pediram para a gente vir para cá", contou o pai.

O filho não morava em área de risco, mas estava em um ônibus que foi arrastado pelas chuvas para dentro de um córrego. "Nós identificamos ele num vídeo. É aquele de camisa preta com manga que brilha. No vídeo, a gente vê ele saindo, mas a imagem corta quando passa por uma árvore. Não sabemos o que aconteceu depois", narrou a mãe.

Esforços

A Polícia Civil montou uma força-tarefa com 200 agentes, incluindo legistas, técnicos e auxiliares de necropsia. Um caminhão refrigerado está estacionado ao lado do posto do IML para ajudar a armazenar corpos.

A Prefeitura de Petrópolis expandiu o cemitério municipal para enterrar vítimas das chuvas. Pelo menos 25 covas foram abertas ontem. Questionado sobre quantas outras ainda seriam necessárias, um funcionário foi taxativo: "quantas forem precisas".

Com a identificação das vítimas sendo acelerada a partir da chegada de peritos da Polícia Civil, os sepultamentos em série devem se intensificar nos próximos dias.

Com informações de Agência Brasil e Estadão Conteúdo

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