O governador de São Paulo, João Doria, pré-candidato do PSDB à Presidência, admitiu na terça-feira (22), pela primeira vez desde que venceu as prévias de seu partido, a possibilidade de abrir mão da disputa para apoiar uma candidatura única de centro capaz de representar uma terceira via à polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - que ocupam as primeiras posições nas pesquisas de intenção de voto.
As afirmações foram feitas diante de uma plateia de empresários e investidores no CEO Conference 2022, evento organizado pelo banco BTG Pactual. Desde que venceu as prévias, em novembro, Doria enfrenta dificuldade para unificar o partido em torno de sua candidatura. Tucanos históricos se movimentam em apoio a uma eventual candidatura de Eduardo Leite - derrotado nas prévias. O governador gaúcho negocia filiação ao PSD.
No momento em que dirigentes do PSDB, MDB e União Brasil intensificam conversas para formar uma federação, Doria defendeu a manutenção "até o esgotamento" do diálogo. E citou o ex-juiz Sergio Moro e a senadora Simone Tebet, respectivamente pré-candidatos do Podemos e do MDB.
Moro
Presente no evento, Moro pediu "urgência" na união do "centro", mas deixou claro que não pretende abdicar da candidatura. "A gente precisa se unir, acho que isso é urgente, eu faria isso de bom grado", disse. O ex-juiz, no entanto, ressaltou que está em terceiro lugar nas pesquisas. "Não faz sentido abdicar da pré-candidatura se ela tem o maior potencial para vencer extremos."
Pesquisa CNT/MDA divulgada anteontem aponta Moro com 6,4%, empatado, em terceiro, com Ciro Gomes (PSD) - 6,7%. Doria aparece com 1,8% e Simone com 0,6%. Lula mantém a liderança com 42%, com Bolsonaro em segundo (28%).