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Notícias | País Entrevista

Mourão não acredita mais em gasolina a 4 reais

Vice-presidente aposta que preço voltará a cair, mas não atingirá patamares de três ou quatro anos atrás

Por João Carlos Ávila
Publicado em: 19.03.2022 às 06:00 Última atualização: 19.03.2022 às 19:06

Foto: CRÉDITO DE FOTO

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, está em roteiro pelo Rio Grande do Sul. Pré-candidato ao Senado, esta semana se filiou ao Republicanos. Será figura mais frequente no território gaúcho por conta da campanha que se avizinha. Nesta entrevista exclusiva ao ABC, diz que a disputa será com nomes fortes, como se apresentam. Sobre as pré-candidaturas ao governo do Estado de Luis Carlos Heinze (PP) e Onyx Lorenzoni (PL), ambos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), acredita que ainda pode haver uma composição, unindo ainda o Republicanos.

Mourão acredita que a disputa presidencial, que hoje está polarizada entre Bolsonaro e Lula, tende a ficar mais no campo das redes sociais. O general espera que os debates se concentrem naquilo que é importante para o País.

Sobre economia, diz que o mundo teve disruptura por conta da pandemia e, quando tudo parecia que voltaria ao normal, estourou o conflito entre Rússia e Ucrânia. Um dos efeitos é a alta no preço do petróleo que o brasileiro sente no bolso. Mourão acredita que o preço ainda pode cair, mas diz que não voltará aos patamares de três, quatro anos atrás.

O senhor se credencia a disputar o Senado pelo RS. Por que escolheu o caminho do Senado?

General Mourão - Depois de ter passado 46 anos de vida no Exército, mais agora quase quatro anos como vice-presidente da República, o Senado se apresentou como o local onde eu poderia contribuir melhor para o Brasil como um todo e, em particular, o nosso Rio Grande do Sul, o meu Estado natal, terra que eu gosto, que me identifico, onde tenho inúmeros amigos pessoas com quem convivi ao longo de uma vida. Então, para mim foi uma escolha muito natural.

O senhor carrega sotaque de suas andanças. Como fazer com que não seja problema na campanha?

Mourão - Não vejo problema. Sotaque a gente adquire ao longo da vida.

A eleição para o Senado poderá ser mais difícil do que para governador, pelos nomes já apresentados. Como o senhor pretende conduzir a campanha?

Mourão - É muito bom que nossa campanha no Rio Grande do Sul tenha adversários de nível. Aí podemos fazer uma campanha programática, em cima dos grandes temas de interesse do Estado. A minha visão é debater e discutir quais são as melhores propostas e buscar a solução para infraestrutura, a questão fiscal e financeira do Estado, a própria estiagem que estamos enfrentado, apoio maior ao agronegócio, a educação. Não faltam temas para debater em alto nível.

Como o senhor vê a situação do presidente Bolsonaro ter dois palanques no Estado, com o senador Heinze e o ministro Onyx, ambos na disputa ao Piratini?

Mourão - O ideal seria que eles conseguissem compor, se unir, trazer mais o meu partido, o Republicanos. Ainda estamos em março, tem muita água para passar por baixo desta ponte. Vamos conversando e tentando fazer uma convergência no sentido da gente ficar mais forte e chegar melhor no momento das eleições.

O senhor acredita que é possível uma composição Heinze-Onyx?

Mourão - Tudo é possível. É uma questão de conversar e buscar o entendimento.

Jair Bolsonaro poderá contar com o seu apoio?

Mourão - Absolutamente. Estou com o presidente Bolsonaro. Sou o vice-presidente dele. Na minha visão de lealdade e trabalho conjunto, não havia outro caminho para mim que não fosse estar ao lado do presidente.

Política nacional agora. E esta polarização de extrema direita contra extrema esquerda?

Mourão - A polarização vai ficar mais na retórica, nesta discussão via redes sociais que a gente tem acompanhado. A prática vai obrigar que os dois grupos busquem zonas comuns, com debate sobre aquilo que é importante para o País. O Brasil vive uma situação complicada, não é de hoje, é de algum tempo. Temos que superar esta nossa baixa produtividade, o peso do Estado em relação às necessidades do País, de modo que a gente consiga romper esta armadilha onde estamos capturados desde o início dos anos 1980. É necessário que os candidatos discutam estes assuntos e apresentem ao eleitor quais são as soluções. Não tem solução mágica.

Primeiros índices do ano da economia mostram retração e especialistas dizem que 2022 vai ser bem ruim. O que precisa acontecer para que a economia volte a ficar estável?

Mourão - Estamos enfrentando ainda os reflexos provocados pela pandemia da Covid-19, desde a falta de contêineres até o aumento dos preços de commodities. E aí entra o petróleo. E quando a gente estava começando a se reorganizar, surge aí este conflito entre Rússia e Ucrânia, com as sanções impostas à Rússia, e isso vamos ter que entender que tem reflexos no nosso País.

E qual seria a solução?

Mourão - O que vejo é que o governo tem que buscar todas as formas possíveis de mitigar esta situação. Esta semana o presidente anunciou uma série de medidas para que as pessoas consigam ter mais recursos na mão e, consequentemente, possam fazer girar esta economia para que a gente não fique estagnado.

O senhor disse que o brasileiro não pagará mais 4 reais pelo litro da gasolina...

Mourão - O preço irá cair pouco a pouco, não só fruto da queda do preço do barril de petróleo, como também da desvalorização do dólar frente ao real, que chegou a R$ 6,70 e está perto dos 5 reais. Podendo decrescer mais. Será uma das causas que vai levar uma queda do preço. Mas não volta àqueles patamares de anos atrás.

Sobre a Amazônia: É possível ter uma política de defesa sem ferir os interesses de pecuaristas, madeireiros e grandes produtores de grãos?

Mourão - É perfeitamente possível. No Conselho Nacional da Amazônia Legal temos a tríplice tarefa: proteção, preservação e desenvolvimento. Mas a Amazônia é muito grande, vasta. A Amazônia Legal, que abrange não só o bioma Amazônia, mas também parte do bioma Cerrado e parte do bioma Pantanal, tem em torno de 5 milhões de quilômetros quadrados. É 60% do território brasileiro. E a floresta em si são 4,2 milhões de quilômetros quadrados. Numa comparação leve, a União Europeia tem 4,4 milhões de quilômetros quadrados. Compete a nós respeitar a legislação ambiental, que prevê uso de apenas 20% da terra para a produção, e a partir daí buscarmos a bioeconomia, o pagamento pelos serviços ambientais. Ou seja, se vamos ter que preservar 80%, ou 3,5 milhões de quilômetros quadrados, temos que receber recursos.

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