Publicidade
Notícias | País SÃO PAULO

Polícia cumpre mandado de busca e apreensão em 'casa abandonada' em Higienópolis

Caso ficou famoso após podcast contar a história da moradora suspeita de manter uma faxineira brasileira em trabalho análogo à escravidão nos Estados Unidos

Por Estadão Conteúdo
Publicado em: 21.07.2022 às 08:57 Última atualização: 21.07.2022 às 09:01

A Polícia Civil de São Paulo cumpriu na tarde de quarta-feira (20) um mandado de busca e apreensão em uma casa nos arredores da Praça Vilaboim, em Higienópolis, na zona central de São Paulo. O objetivo foi averiguar o possível abandono de incapaz de uma moradora e outras denúncias de irregularidades na residência. Um cachorro foi resgatado.

A "casa abandonada" ficou famosa após a Folha de S.Paulo lançar um podcast (A Mulher da Casa Abandonada) sobre uma mulher suspeita de manter uma faxineira brasileira em trabalho análogo à escravidão por cerca de 20 anos nos Estados Unidos. Conforme o podcast, o marido da acusada foi condenado pelo crime no começo dos anos 2000, mas a mulher retornou ao Brasil antes de responder à Justiça americana. Desde então, ele vive na casa da família, onde mora sozinha.

Buscas foram feitas na 'casa abandonada', que ficou famosa após podcast
Buscas foram feitas na 'casa abandonada', que ficou famosa após podcast Foto: TV Globo/Reprodução
A Secretaria de Segurança Pública informou que policiais civis do 4º Distrito Policial (Consolação) cumpriram um mandado de busca e apreensão para averiguação de crime de abandono de incapaz na tarde desta quarta na casa, que fica na Rua Piauí. "Diligências prosseguem visando ao esclarecimento dos fatos", informou a pasta.

Uma das primeiras a entrar na casa na ação desta quarta, a delegada de Polícia Assistente da 1ª Delegacia Seccional Centro Vanesa Guimarães explicou ao Estadão que os agentes de polícia chegaram a ir até a casa da mulher na semana passada. Porém, a moradora não autorizou a entrada. "A ordem judicial foi concedida e hoje nós fomos cumprir."

Ao chegar no local, por volta de 15 horas, a delegada explica que a mulher foi "muito resistente" com os policiais e não queria deixar que o mandado fosse cumprido. "Em um primeiro momento, por ser idosa, respeitamos essa condição", diz Vanesa. "Mas ela começou a argumentar que não ia abrir e começou a falar frases desconexas."

A delegada conta que os policiais, então, começaram a enfatizar que se tratava de um mandado judicial e que teriam de entrar na casa para apurar a situação. "Quando viu que não tinha jeito, ela autorizou minha entrada e de uma escrivã de polícia que estava comigo, por sermos mulheres. Entramos pela janela da quarta dela", relata a delegada. "Tinha muita coisa na casa, um odor insuportável."

Após esse momento inicial, Vanesa conta ter liberado a entrada de equipes de perícia da Polícia Civil e da Prefeitura de São Paulo para o cumprimento do mandado. "Dentro do porão, foi encontrado um cachorrinho com indícios de maus-tratos, que não estava nem conseguindo andar. Ele foi resgatado por uma ONG", disse ela, relatando que o animal tinha dificuldade de locomoção.

Por conta da repercussão do caso, a apresentadora de TV Luisa Mell participou da ação junto à polícia e transmitiu nas redes sociais. Dezenas de pessoas, além disso, se aglomeraram na frente da residência para acompanhar a incursão da polícia. O imóvel teve de ser isolado pelos agentes.

"Alguns policiais seguem por lá para garantir a segurança dela. Tem muita gente, então acabou criando um certo tumulto", contou Vanesa. "A gente deixou o interior da casa e equipes de Saúde e Assistência ficaram conversando com ela, para ver se tem condições dela ficar na casa. O objetivo é apurar se há indícios de abandono de incapaz da família em relação a ela, mas isso são os médicos que vão dizer."

Denúncia de desvio de energia elétrica é infundada, diz delegada

Durante a ação, a delegada conta ainda que os policiais averiguaram outros cômodos da casa abandonada, mas não encontraram irregularidades aparentes. Segundo ela, havia relatos de que a moradora mantinha gatos de estimação em condições insalubres e de que a moradora desviaria energia elétrica de prédios vizinhos.

No entanto, nenhuma dessas denúncias se concretizou. "Hoje, até uma equipe da Enel foi até o local para acompanhar a situação, mas verificaram que não havia "gato" (desvio de energia elétrica)", disse Vanesa. "As contas são todas pagas e não há nenhum gato de energia e de água. O que não feito era a leitura do padrão de luz desde 2010. Agora conseguiram efetuar a leitura para fazer o cálculo correto."

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas
Botão de Assistente virtual