Médica receita medicamento que não existe para tratamento de bebê de 10 meses
Remédio prescrito deveria ser aplicado como pomada, mas só existe nas versões de xarope e comprimido
Uma médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de Santos, no litoral de São Paulo, receitou a um bebê de 10 meses um medicamento em pomada que não existe. O remédio, Loratadina, só é comercializado nas versões xarope e comprimido, o que não tornaria possível a utilização conforme a profissional havia prescrito.
"É difícil julgar a médica, [talvez] não estava em um dia bom, trabalhando demais, mas devemos pensar que poderia ser algo mais grave. Ela receitou um medicamento para alergia que não existe, mas poderia ser algo mais grave", disse o pai do bebê ao portal de notícias G1, nesta terça-feira (2).
Ex-presidente Bolsonaro nega ter forjado dados de vacinação
Bolsonaro diz que não vai depor à Polícia Federal sobre fraude em carteira de vacinação
Mãe permitia que filha de 11 anos fosse estuprada por homem de 52 anos em troca de bebida e comida
A farmacêutica toxicologista Paula Carpes Victório disse ao G1 que a Loratadina é um antialérgico e que acredita que a médica possa ter se confundido com o Polaramine, antialérgico que possui versão pomada. Ela explica, contudo, que o farmacêutico não pode modificar a prescrição, mas que, em situações semelhantes, ele pode ligar para o médico para se informar sobre o medicamento receitado. Caso o contato não seja possível, é recomentado que o paciente volte a falar com o profissional que prescreveu o remédio.
Respostas
A Prefeitura de Santos disse em nota que "a contratação da médica é de total responsabilidade da Organização Social (OS) que administra a UPA Central" e que a Secretaria de Saúde vai abrir uma apuração na Comissão de Acompanhamento e Fiscalização para investigar a conduta da profissional e tomar eventuais medidas cabíveis.
A direção da UPA Central afirmou que o atendimento à criança foi realizado em conformidade com os protocolos preconizados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e que teve diagnóstico completo. Ainda assim, de acordo com a instituição de saúde, a médica foi advertida.
"Com relação à prescrição da pomada, a direção da unidade apurou que ocorreu um erro de digitação na composição do medicamento, que não ocasionou qualquer dano ao paciente, inclusive pelo fato de que efetivamente a fórmula prescrita não existe", disse a direção da UPA, em nota enviada pela prefeitura ao G1.
A administração da unidade de saúde ainda informou que família do bebê pode procurar a coordenação médica da UPA para buscar a receita atualizada.