WALTER DELGATTI NETO: Quem é o hacker da "Vaza Jato" preso em operação envolvendo Zambelli que depõe em CPI
Delgatti é suspeito de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça e inserir mandado de prisão falso contra o ministro do STF Alexandre de Moraes
O hacker Walter Delgatti Neto depõe nesta quinta-feira (17) na CPI dos Atos Golpistas. Delgatti revelou um esquema envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus assessores que tinha o objetivo de fraudar o resultado das eleições presidenciais de 2022. O depoimento contou até com bate-boca com o senador e ex-juiz Sérgio Moro, a quem chamou de "criminoso contumaz".
No dia 2 de agosto, ele foi preso em operação da Polícia Federal (PF) que apura suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). A corporação ainda fez buscas em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Delgatti Neto ficou conhecido por hackear mensagens trocadas por Moro, ex-juiz da Operação Lava Jato, e o ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol. Esta é a terceira vez em que ele é detido.
Segundo a PF, a ofensiva investiga crimes que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Com codinome Vermelho, Delgatti Neto já havia sido preso, em julho de 2019, na Operação Spoofing. À época, ele admitiu aos investigadores ter hackeado o celular de diversas autoridades do País. O hacker também afirmou que repassou o conteúdo das supostas mensagens entre Moro e Dallagnol ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, sem cobrar contrapartidas financeiras para repassar os dados.
FACEBOOK: Usuários podem entrar com pedido de indenização de R$ 5 mil; saiba como
STF invalida uso da tese de legítima defesa da honra em casos de feminicídio
Jovem é estuprada após ser deixada desacordada em calçada por motorista de aplicativo
Os membros da Lava Jato nunca reconheceram a autenticidade das mensagens. Entretanto, o conteúdo foi utilizado como fundamento para a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba anular todas as decisões tomadas por Moro contra o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, por exemplo. Além disso, os arquivos obtidos à época pela Operação Spoofing foram usados pela defesa do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva na decisão do STF que considerou Moro suspeito para julgar o petista - o julgamento foi em 2021.
O que o hacker disse à época
O hacker afirmou em nota, divulgada pela sua defesa e obtida pelo Estadão na época, que o conjunto das mensagens extraídas nos celulares de autoridades encontra-se guardado por terceiros no exterior. Em outra parte do documento, Delgatti Neto diz espantar-se com "a fragilidade do sigilo no Brasil", sugere melhoria nos sistemas de comunicação nacional e "convida a uma regulamentação e à transparência quanto ao acesso e o uso de ditas redes de informação pelo poder público, em plena defesa do melhor interesse público".
Soltura do hacker
Em outubro de 2020, Delgatti passou à condição de liberdade condicional, mas voltou a ser preso novamente em junho de 2023 após violar a ordem judicial que o impedia de acessar a internet. Um mês após, juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, autorizou a soltura do hacker.