PREVISÃO DO TEMPO: Fim do inverno com muito calor é sinal de que teremos um verão escaldante? Entenda
Fenômeno El Niño, que provoca mais chuva no Sul do Brasil, mexe também com as temperaturas médias
Os gaúchos estão se despedindo do inverno de 2023 com temperaturas de verão. Depois de uma segunda-feira (18) com recorde para o turno da manhã no Vale do Sinos, neste feriado de 20 de Setembro fazia 30 graus em Novo Hamburgo e 31,4 em Campo Bom às 15 horas.
A pergunta que fica é: esse calor no inverno sinaliza que teremos um verão ainda mais quente? A tendência é que sim, mas não se sabe ao certo em que intensidade. Antes é preciso fala da previsão para a primavera, que começa às 3h50 deste sábado (23).
Metade norte do RS terá muito calor no fim de semana
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) adianta que sim, a estação das flores será quente. Inclusive não se descarta que novos recordes de calor sejam registrados de agora até a chegada oficial do verão, em 22 de dezembro.
Por conta de uma imensa bolha de calor que se forma sobre o centro do Brasil, a metade norte gaúcha fará a transição do inverno para a primavera sob muito calor. Neste fim de semana as máximas podem chegar a 39 graus em cidades do Norte e do Noroeste do Estado.
O prognóstico de calor na primavera não é exclusivo para o Rio Grande do Sul, onde o fenômeno El Niño já começou a provocar muita chuva e assim deve continuar ao menos até o início de 2024. Temporais provocaram ao menos 49 mortes no Estado no início do mês. O Vale do Taquari é a região mais atingida.
Daqui pra frente, o tempo mais fechado que o normal pode evitar que o RS tenha uma primavera absolutamente abafada, mas a tendência é de dias mais quentes na estação.
"Todos os modelos de previsão climática sazonal que olham a primavera e o verão indicam 70% de chance de as temperaturas estarem acima da média", disse para a Folha de S.Paulo o climatologista Francisco Aquino, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Agosto mais quente desde 1910
Segundo Francisco Aquino, de outubro até fevereiro de 2024 o Brasil terá temperaturas acima da média e chuva abaixo da média. "A exceção é a região Sul, especialmente o Rio Grande do Sul, onde vai chover acima da média", destaca.
O especialista pondera que "já tivemos o agosto mais quente da história na América do Sul desde 1910". Dados divulgados terça-feira (19) pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, consideram anomalias de temperatura em relação às médias de agosto de cada ano.
Segundo a NOAA, "anomalia é uma variação – positiva ou negativa – de uma temperatura em relação à linha de base. E essa linha é uma média de 30 anos ou mais de dados de temperatura".
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Inmet diz que primavera será quente
O Inmet diz que suas previsões por enquanto não alcançam o verão, mas apontam para uma primavera com tendência de mais calor em quase todo o território nacional.
"De setembro a novembro devemos ter temperaturas acima da média", informa a meteorologista Adriana Ramos. Ela diz que ainda não há uma previsão oficial para o verão, mas destaca que "o El Niño vai atuar com pico de dezembro a janeiro".
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) diz que, com El Niño, as frentes frias tendem a ficar mais tempo sobre o Sul do Brasil, mas isso não significa que a região terá um verão com temperaturas dentro da normalidade.