Frente a frente, autoridades e moradores do bairro Primavera debateram o problema da insegurança às margens da BR-116, em Novo Hamburgo, nesta quinta-feira (30) pela manhã. O ponto central das reclamações é o trecho entre a Passarela Oswaldo Kaiser e o Viaduto Ayrton Senna, nas imediações da rodovia federal.
A reunião, a portas fechadas, durou cerca de duas horas e foi intermediada pelo Gabinete de Gestão Integrada do Município (GGI-M), no Centro Administrativo Leopoldo Petry.
Participaram representantes da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Civil, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) e Prefeitura, além de integrantes da Associação de Moradores do bairro.
Com recortes de jornais em mãos, além de um plano composto de oito reivindicações, a comunidade deu início às discussões. Os pedidos contemplavam a limpeza constante da área, reforço na iluminação e cercamento de alguns pontos. Conforme a líder comunitária e presidente da associação, Juliane Lopes, o grupo chegou à reunião esperançoso. "Esperamos que tudo que foi debatido seja colocado em prática", afirmou na saída.
A entidade propôs que alguns dos terrenos sejam destinados à associação para que os próprios moradores assumam a responsabilidade de mantê-los. Dnit e a Administração hamburguense buscarão ajustar questões legais e ambientais - já que existem árvores nativas nestas áreas - para elaboração de um projeto que possibilite a supressão vegetal nos terrenos de responsabilidade da União e Município. A tendência é de que novas reuniões ocorram para seguir tratando da questão.
O secretário municipal de Segurança, Roberto Jungthon, que coordenou o encontro, elencou dois conjuntos de ações que vão mapear a atuação das autoridades daqui para a frente. "O primeiro diz respeito às ações a serem desenvolvidas pelo Dnit e Prefeitura no sentido de preparar a área e colocá-la em condições mais adequadas de convívio. Em outro momento, envolvendo Dnit, Prefeitura e associação de moradores para que a gente possa prosseguir na manutenção da área em boas condições", explicou. "O segundo conjunto diz respeito às ações das forças de segurança que vão manter a atenção sobre a área", disse o secretário municipal de Segurança.
Na manhã de sábado do dia 20 de outubro, uma jovem de 20 anos foi estuprada nas imediações da Passarela Oswaldo Kaiser, enquanto aguardava o ônibus para ir trabalhar. Dia 16 de novembro, o Jornal NH publicou reportagem com duas páginas sobre o problema da insegurança nas imediações da BR-116 em Novo Hamburgo, especialmente no Primavera. Na sequência, a Prefeitura afirmou que atenderia o pedido de moradores e promoveria reunião com demais agentes de segurança e responsáveis pela rodovia para o debate avançar. O primeiro encontro foi semana passada. Ontem, foi a sequência.
Representantes da Brigada Militar e da Polícia Rodoviária Federal ressaltaram que, apesar de problemas de efetivo nas corporações, estão operando no limite de suas capacidades para amenizar a sensação de insegurança. "Temos um Núcleo de Polícia Comunitária no Primavera bastante ativo. Em nenhum momento, os moradores questionaram nossa atuação. Elogiaram o trabalho", disse o major e subcomandante do 3º Batalhão de Polícia Militar, Adriano Zanini. Discurso parecido foi do chefe da Delegacia de Porto Alegre da PRF, Rodrigo Rodrigues, que afirmou que patrulhamentos serão intensificados.
Segundo a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Raquel Peixoto, os dados apresentados por moradores de que este trecho apresenta alta incidência de estupros não batem com o número de ocorrências registradas pela Polícia Civil e Brigada Militar. "Neste ano, um estupro foi registrado no local. Na cidade, tivemos uma tentativa de estupro próximo à Passarela Thomás Engel, e dois casos no Jardim Mauá", explicou.
Ela pediu à comunidade que, se tenha conhecimento de outros casos, que busquem a Deam. "Assim poderemos organizar iniciativas preventivas", disse ela. A Brigada Militar informou que o Primavera - comparado com demais bairros de Novo Hamburgo - possui apenas a 10a colocação em indicadores criminais.