Vereador e subsecretário de obras são suspeitos de ligação com o tráfico
Polícia Civil deflagrou operação nesta quarta-feira
Descrição da foto: Mandados foram cumpridos em endereços nos bairros Canudos, Lomba Grande e Primavera
A ofensiva de hoje, chamada de Consilium – que significa política em latim –, é um desdobramento de investigações feitas pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) que atingiram a célula de uma facção comandada por Juliano Biron. O traficante está preso no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Segundo a Polícia, Fernandinho teria recebido dinheiro do tráfico por meio do subsecretário. Foram identificadas, ainda segundo a investigação, movimentações de dinheiro e outros negócios ligando os dois suspeitos ao traficante Juliano Biron. Entre 2012 e 2018, o grupo teria movimentado R$ 15 milhões.
Operação em 2017
Em operação em 2017, a Polícia apreendeu armas, drogas, documentos e fez o sequestro de R$ 8 milhões em bens e imóveis da quadrilha. Também foram presos preventivamente os membros do escalão superior da organização, sendo constatada a lavagem de capitais oriunda do tráfico de drogas por meio de empresas (lanchonetes, transportadora) e aquisição de bens.
Naquele período, as investigações apuraram também que houve a aquisição de um imóvel de alto padrão, na cidade de Cachoeirinha, por Juliano Biron, utilizando-se de "laranjas", sendo usado para integralizar o pagamento deste imóvel uma casa situada em Tramandaí e que pertence ao vereador, cujo contrato de compra e venda (tendo o vereador como comprador) foi apreendido na casa de um dos líderes da organização criminosa.
Há indícios de que esta integralização de bens para aquisição de imóvel de maior valor tenha sido simulada com a finalidade de ocultar bens em favor de Juliano Biron.
Jogos de azar
No mesmo período, a 2ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo efetuou diligências em apoio à Delegacia de Canela em investigações sobre homicídios ocorridos na Serra cujos autores seriam membros da mesma facção pela disputa de área de jogos de azar. Na ocasião, a DP de São Leopoldo cumpriu buscas na casa de Fernandinho que acabou preso por posse ilegal de arma de fogo. Devido à apreensão de documentos, a Polícia de São Leopoldo iniciou, naquela época, a apuração de suposta lavagem de dinheiro praticada pelo vereador hamburguense.
Descrição da foto: Em 2017, vereador Fernandinho foi preso em operação da Polícia Civil
Foi constatada incompatibilidade de evolução patrimonial e de valores movimentados pelo empresário de Novo Hamburgo, reforçando, assim suspeitas de que o mesmo seja o provável elo financeiro entre o vereador e a facção criminosa. É apurada a lavagem de capitais em empresas no ramo de transportes, demolidoras de veículos, além da aquisição de bens móveis e imóveis em nome de terceiros. São cumpridas 15 ordens judiciais no Vale do Sinos, nenhuma de prisão.
Defesa
Em nota, a assessoria de imprensa de Fernandinho afirma que a operação de hoje não constatou "nenhuma relação concreta com o vereador Fernando Lourenço, ou seja, trata-se apenas de uma investigação" e que o vereador seguirá com a agenda de atividades políticas normalmente, participando da sessão ordinária de hoje às 14 horas, na Câmara Municipal de Novo Hamburgo. "Fernandinho não tem nada a temer e se coloca à disposição para auxiliar no processo da polícia, que está em seu papel", conclui a nota.
A reportagem tentou contato com Arenhardt, mas não teve resposta até o momento. A Prefeitura de Novo Hamburgo afirmou que já pediu afastamento do subsecretário. Já o presidente da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo, Felipe Kuhn Braum, ao ser contatado pela reportagem do Jornal NH, afirmou ter ficado surpreso ao saber que Fernandinho era um dos alvos da operação da Polícia Civil. De acordo com ele, o Legislativo só vai se manifestar sobre o fato assim que receber mais informações.
