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Notícias | Região Polícia

Toco teria assassinado mulher e se matado

Segundo Polícia Civil, ex-prefeito de Estância teria matado futura esposa horas antes de cometer suicídio em Imbé

Publicado em: 30.12.2018 às 08:23 Última atualização: 30.12.2018 às 14:48

Foto por: GES e Facebook/Reprodução
Descrição da foto: Toco e a namorada Lúcia
Estância Velha amanheceu sob a sombra de um crime envolvendo um dos principais políticos da cidade. O ex-prefeito do município por dois mandatos (2001 a 2008) Elivir Desiam, o Toco, 57 anos, é apontado pela Polícia Civil como suspeito de matar sua namorada e futura esposa Lúcia Bialoso Valença, 35 anos. Ela foi encontrada morta em sua casa pela Brigada Militar, no Centro de Estância, ontem pela manhã, por volta das 10 horas. Junto ao corpo dela, foram deixados 3 mil reais, segundo a Polícia. Aproximadamente uma hora e meia antes, o corpo de Toco era retirado do mar por guarda- vidas em frente a Guarita 130 de Imbé. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas quando Toco chegou ao Posto de Saúde 24 horas de Imbé, foi constatado que ele estava morto. “A investigação trata o caso como feminicídio seguido de suicídio”, diz o chefe de investigação de Polícia em Estância Velha, inspetor Renê Guimarães Júnior.

O ex-prefeito de Estância Velha chegou à praia de Mariluz por volta das 7h30 de ontem e foi até a casa da ex-mulher Suely Lopes, 64 anos, que reside no litoral há cinco anos, aproximadamente o mesmo período em que os dois já não estavam juntos. Eles têm dois filhos. Em depoimento na Delegacia de Polícia Civil de Pronto Atendimento (DPPA), Suely relatou que Toco disse que havia “feito bobagem”, que “não aguentava mais” e estava desesperado. Ele entregou para a ex-mulher documentos, dinheiro e passou informações sobre os bens que tinha em seu nome. Em seguida, segundo Suely, ele saiu da residência e entrou no carro muito nervoso, sem que os familiares pudessem impedi-lo. Minutos depois, Toco telefonou para Suely dizendo onde deixaria o veículo e anunciou que iria “resolver o problema”. Ao fundo, ela ouvia o barulho do mar e a ligação foi encerrada.

Vítima estrangulada

A Polícia Civil de Estância Velha aguarda o laudo da perícia para saber a causa da morte de Lúcia Bialoso. “Há sinais de estrangulamento. Ela estava com um vestido com a alça próxima ao pescoço e que pode ter sido utilizada para cometer o crime”, afirma o chefe de investigação de Polícia em Estância Velha, inspetor Renê Guimarães Júnior. “Estamos colhendo depoimentos de parentes da vítima (Lúcia) e de testemunhas. Ainda não sabemos quais foram as circunstâncias que levaram ao crime e os motivos. Nunca se descarta nada”, explica. Renê diz, ainda, que os dois estavam juntos há pelo menos um ano. “Um dos irmãos dela falou isso no depoimento. Ele (Toco) tinha fotos com ela na casa dela e roupas dele no armário”, diz

Casamento marcado

Elivir Desiam e Lúcia Bialoso Valença, 35, tiveram seus nomes publicados em edital de casamento no site do cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais da 1a e 2a Zonas de Novo Hamburgo e no Jornal NH. A expectativa era que a união formal ocorresse em janeiro. “Eles estavam morando juntos há mais de ano e se davam bem, tanto que estavam de casamento marcado”, confirma um dos irmãos da vítima, José Bialoso. Lúcia era funcionária pública da prefeitura de Estância Velha e atuava junto à rede municipal de Educação.

Veranistas viram o corpo de Toco

Foi por volta das 8h20, minutos antes dos guarda-vidas da Guarita 130 assumirem o posto de trabalho, que veranistas pediram socorro porque visualizaram o corpo de uma pessoa no mar. Os guardavidas, então, aproximaram o corpo da areia e acionaram o Samu, que levou Elivir Desiam para o Posto de Saúde 24 horas de Imbé, onde foi constatado que estava sem vida. A ex-mulher, Suely Lopes, foi até a unidade de saúde e lá fez o reconhecimento de Toco e do aparelho de telefone celular, que estava junto com o corpo. Após, ela procurou a Polícia Civil para registrar a morte.

Elivir Desiam e Suely mantinham um bom relacionamento, tanto que Toco chegou a levar a atual companheira até a casa dela na praia em outro momento. O depoimento de Suely será remetido pela delegada plantonista Raquel Vasconcelos para a Polícia Civil de Estância Velha, que vai apurar as circunstâncias do caso.

Condenação no início de dezembro

Em julho de 2016, após 20 anos de atuação, Toco anunciou, em entrevista ao Jornal NH, que estava deixando a vida pública de forma “definitiva e irreversível”. Entretanto, a saída da política durou pouco. Em 2018, ele concorreu a deputado estadual pelo PTB. Mesmo com 26.657 votos, não conseguiu se eleger. Desse número, 13.396 votos foram de eleitores de Estância Velha.

Toco também havia sido condenado pela Justiça em caso referente a sua gestão como prefeito de Estância Velha. A 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça reformou decisão de primeiro grau, que havia absolvido Toco, e o condenou à suspensão dos direitos políticos por três anos e pagamento de multa de cinco vezes o vencimento que recebia à época. A decisão foi publicada no início deste mês de dezembro.

A ação do Ministério Público apontou o que entendeu como irregularidade na contratação de publicidade em jornal local durante a gestão de Toco entre os anos de 2001 a 2008. Ao Jornal NH, ele afirmou que as peças divulgavam eventos da cidade e calendário do IPTU, por exemplo, e que não houve dolo. Tanto que não precisaria devolver os valores pagos. “Tenho 20 anos de vida pública e mais de 3 mil licitações. Não vou deixar enterrar esta história por causa de um fato”, defendeu- se na época. Um amigo dele relata que Toco vinha “tentando se recuperar” desde 2016. Segundo o mesmo amigo, Toco estava em depressão e muito chateado.

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