Pessoas próximas, ex-colegas de partido e até um familiar não conseguem entender o que pode ter acontecido no caso em que Elivir Desiam, o Toco, foi achado morto após supostamente ter cometido suicídio em Imbé, ontem, e suspeito de, horas antes, assassinar a namorada e futura esposa, Lúcia Bialoso Valença, 35 anos, em Estância Velha. Sua carreira política começou em 1996, quando foi eleito vereador pelo PT. Ao longo do mandato, chegou a ser presidente da Câmara de Vereadores, ano em que eliminou regalias, como viagens para congressos e carro oficial. A primeira gestão como prefeito foi alcançada com a eleição em 2000, dando fim à hegemonia de quase duas décadas do PMDB no Executivo do município.
A reeleição foi alcançada em 2004 com 80,91% dos votos válidos. Ainda nos anos 2000, foi presidente da Fenac, em Novo Hamburgo. Chegou a ser cotado como candidato a prefeito estanciense no ano de 2012, entretanto, não disputou ao pleito optando por dar continuidade ao projeto Fenac do Futuro. O anúncio da decisão de abandonar a vida pública aconteceu em julho de 2016, antes disso, já tinha pedido exoneração da Fenac. Em abril de 2017, saiu do PT e se filiou ao PTB, indo trabalhar no gabinete do deputado estadual Maurício Dziedricki (PTB), que foi candidato a prefeito de Porto Alegre na eleição de 2016. Nas redes sociais, ontem, a prefeitura de Estância Velha emitiu nota de luto e declarou seu pesar pelas mortes da funcionária pública e do exprefeito. A prefeita, Ivete Grade, relata que a administração municipal ficou surpresa com a notícia. “Foi tudo uma surpresa. Eu lamento muito enquanto gestora ter acontecido. Lúcia era uma servidora do nosso município e o Toco foi prefeito e meu patrão. É lamentável”, declarou Ivete.
Membro da equipe da administração municipal de Estância Velha nos governos de Toco, o empresário Aldenir Martins, lembrou do ex-prefeito. “Somente exigente dentro de uma postura administrativa. Era sensato e determinado no que fazia. Estava ao lado dele de segunda a segunda. Jamais diria que ele pudesse fazer algo desse tipo (que está sendo apurado pela Polícia)”, declarou. Martins trabalhou no gabinete, à frente da Assistência Social do município e por um período como Secretário de Obras. Martins revela que, em momento algum, ouviu de Toco que a saída da Fenac estaria ligada à disputa para prefeito de Estância Velha. “Existia sim esse comentário na cidade. Eu deduzo que ele já pensava em concorrer a deputado costurando alianças. Conseguiu em torno de 25 mil votos”, analisou.