O primeiro dia de atendimento de 2019 no posto do Instituto-Geral de Perícias (IGP) de Novo Hamburgo não teve nada de novo. Quem sentiu na pele as condições precárias do endereço do órgão público, na Rua Davi Canabarro, e a falta de acessibilidade para os serviços foi o funcionário público aposentado Vitorino Gomes, 80 anos. Ele foi carregado pelos filhos Roni Gomes, 49, e Moacir Gomes, 56, na cadeira de rodas até o segundo andar onde funciona o IGP.
Por complicações de um aneurisma, Vitorino precisou amputar parte da perna esquerda há três meses e teve o seu benefício de aposentadoria bloqueado. Para liberar os recursos, necessitou fazer documentos novos, incluindo a carteira de identidade. "Acho ruim o que aconteceu. Mas vou fazer o quê?", disse o idoso na manhã de ontem. Como não recebe há dois meses, solicitou a identidade da modalidade expressa, que só pode ser realizada no segundo piso por conta do sistema. Em outras ocasiões, os funcionários descem para atender quem não pode subir os degraus.
A agente administrativa do IGP Ana Maria Vieira explica que quando a carteira de identidade é na modalidade comum, é ofertado a quem não pode subir o serviço particular de fotografia localizado nos arredores. O fotógrafo prontamente atende ao pedido, faz o registro nos padrões do IGP e entrega a foto impressa em minutos, cobrando 10 reais pelo serviço. No entanto, para aqueles que não podem pagar ou que necessitam da identidade expressa, como foi o caso de Vitorino, é preciso contar com a solidariedade dos outros para ser carregado e vencer a escada.
No dia 23 de novembro, o então titular da Secretária Estadual de Segurança Pública (SSP), Cezar Schirmer, garantiu à prefeita Fatima Daudt que a Fundação de Ciência e Tecnologia - Cientec seria o órgão público responsável por realizar o laudo técnico do prédio do antigo fórum para avaliar quais reformas serão necessárias para abrigar um novo posto regional do IGP. Conforme a assessoria de imprensa da SSP, há impedimento legal para a realização do laudo, uma vez que o imóvel ainda pertence à Prefeitura. O governo avalia as possibilidades para que o serviço seja executado. Ainda não é possível, no entanto, estabelecer prazo para que o trabalho seja executado. A Prefeitura foi contatada, mas não se manifestou.
As tratativas para uma unidade regional do IGP tiveram início em 2015. Além da confecção de carteiras de identidade, que já ocorrem no Centro, o novo prédio seria um centro regional, com exames médico-legais (corpo delito e necropsias), perícias criminais (locais de crime, veículos, armas) e ainda outros serviços.