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Notícias | Região Investigação

Celulares de Toco e namorada seguem desaparecidos; carro do ex-prefeito passou por perícia

Aparelhos de telefone do casal morto não estavam no Voyage periciado em Imbé ontem

Por Silvio Milani
Publicado em: 03.01.2019 às 08:41

Foto por: Jefferson Garcia/Especial
Descrição da foto: INVESTIGAÇÃO: ontem, técnicos do IGP arrombaram as portas e fizeram perícia no Voyage, apreendido desde sábado
Os peritos precisaram arrombar o Voyage do ex-prefeito de Estância Velha Elivir Desiam, o Toco, 57 anos, para fazer a perícia, na tarde desta quarta-feira (2), em Imbé. O carro estava trancado. A expectativa da Polícia era que o celular do político e o da namorada, Lúcia Bialoso Valença, 35, estivessem no veículo. Os aparelhos poderiam trazer informações decisivas sobre a morte do casal. "Não havia nada relevante no carro. Só um molho de chaves, possivelmente da casa onde moravam em Estância Velha", declara o delegado de Sapiranga, Fernando Pires Branco, que assumiu o caso ontem.

O Voyage preto ano 2012, em nome da ex-mulher de Toco, Suely Cardoso Lopes, 64, foi encontrado pela Brigada às 21h15 de sábado, quase à beira-mar de Presidente, em Imbé, a um quilômetro da guarita onde salva-vidas haviam resgatado o político. Foi levado trancado ao depósito, onde ficou até a tarde de ontem, quando a equipe de investigação de Estância Velha teria ficado sabendo da apreensão. Até então, a informação pública era de que seguia desaparecido.

O delegado determinou aos agentes para que fossem ao litoral acompanhar a perícia. "Por enquanto, só temos o celular da ex-mulher apreendido, em razão dos contatos com o ex-prefeito no dia dos fatos. Os telefones de Lúcia e Elivir, que seriam essenciais para a investigação, podem ter sido levados por ele e terem se perdido no mar", comenta Branco. A Polícia informou sábado que o celular de Toco havia sido encontrado, mas o delegado esclareceu ontem que o aparelho continua sumido.

Amigos revelam que algo abalava ex-prefeito

Amigos comentam que Toco aparentava abatimento nas últimas semanas. O comportamento triste, mesclado a um ar reflexivo, não era pelo fato de não ter sido eleito deputado estadual em outubro. Havia algo na vida pessoal que o incomodava. "Não sabemos o motivo desse abatimento, mas jamais pensaríamos que pudesse chegar a um fim desses. Se foi ele (autor do crime), é difícil acreditar. Não condiz com as atitudes do Toco, um cara tranquilo e ponderado", comentou um amigo do meio político, que pediu para não ser identificado.

Mesmo com o casamento marcado para janeiro e a aparente felicidade ao lado de Lúcia, havia particularidades obscuras no relacionamento, capazes de provocar fortes discussões. "Ele mandou uma mensagem para mim e logo percebi que estava diferente. Parecia estar refletindo sobre o valor da vida", diz uma amiga, que também pediu anonimato.

Ainda conforme amigos, Lúcia, que trabalhava em creche, gostava de crianças e planejava ter filhos, tinha perfil oposto ao de Toco. Enquanto ele era tranquilo e comedido, a namorada apresentava temperamento forte e, à vezes, explosivo.

Morte no auge do desespero

O delegado Fernando Branco concorda que suicídio por afogamento não é comum, principalmente pelo instinto de defesa na água. Um acentuado grau de desespero costuma estar associado a tirar a própria vida com mais sofrimento. "Já vi homicídios mais insólitos que afogamento", observa Branco. Ele frisa que aguarda as perícias. "Os laudos periciais são essenciais no inquérito, principalmente para saber as causas das mortes."

Ontem, agentes tomaram o depoimento da ex-mulher de Toco em Imbé. Três dias antes das mortes, Suely, que tem dois filhos com Toco, registrou ocorrência contra Lúcia por ameaça.

Entenda o caso

Por volta das 8h20 de sábado, minutos antes dos guarda-vidas da Guarita 130 assumirem o posto, veranistas pediram socorro porque visualizaram o corpo de uma pessoa no mar. Os guarda-vidas, então, aproximaram o corpo da areia, que estava desacordado, e acionaram o Samu, que levou Toco para o Posto de Saúde 24 horas de Imbé, onde foi constatado que estava sem vida. A ex-mulher foi até a unidade de saúde e fez o reconhecimento.

Toco havia chegado à praia de Mariluz por volta das 7h30 e ido à casa da ex-mulher, segundo depoimento dela, que mora no litoral há cinco anos, aproximadamente o mesmo período em que os dois estavam separados. Eles têm dois filhos.

Em depoimento à Polícia, Suely relatou que Toco teria dito que havia feito "bobagem", que não "aguentava mais" e estava desesperado. Ele entregou para a ex-mulher, segundo ela relatou à Polícia, documentos, dinheiro e passou informações sobre os bens que tinha em seu nome.

Em seguida, saiu da residência e entrou no carro muito nervoso, sem que os familiares pudessem impedi-lo. Minutos depois, sempre de acordo com o depoimento dela, Toco telefonou para Suely e disse onde deixaria o veículo e anunciou que iria "resolver o problema". Ao fundo, ela ouvia o barulho do mar e a ligação foi encerrada.

Às 10h15, policiais arrombaram a casa onde o casal morava, na Avenida Sete de Setembro, no Centro de Estância, e encontraram o corpo de Lúcia. Estava coberto com tapete e lençol na cozinha. Também sobre o cadáver, estavam espalhados R$ 3 mil em dinheiro.

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