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Notícias | Região Colheita da uva

Vindima de alegria e repleta de bons frutos em Rolante

Em rolante, Neri Sperafico não esconde a felicidade com a boa safra obtida neste começo de ano

Por João Victor Torres
Publicado em: 29.01.2019 às 13:32 Última atualização: 29.01.2019 às 19:59

Sperafico comemora a colheita deste ano Dificilmente um local em que exista uma concentração de descendentes italianos não seja de festa. Falantes, felizes e rindo à toa. Estes três sentimentos permeiam a propriedade da família Sperafico, no Morro Grande, em Rolante. Afinal de contas, para eles, não faltam motivos para tamanha felicidade. Com uma das melhores colheitas ao longo de 54 anos, comemoraram, literalmente, os frutos do trabalho realizado desde julho do ano passado.


Com a Vindima, que é popularmente conhecido como o período em que ocorre a colheita da uva, em andamento os trabalhos seguem em ritmo acelerado na localidade do Paranhana para dar conta do alto volume de cachos que precisam ser retirados manualmente. Inclusive, lá os frutos aprontam mais cedo do que em outras regiões do município, curiosamente, como na Boa Esperança onde a Vindima inicia nesta semana.


O produtor Neri Sperafico, 67 anos, relatou que ajudou o pai e o avô lá atrás e, agora vê sob sua responsabilidade a propriedade, enquanto caminhava com um cesto repleto de uvas em mãos, vistoriando cada um dos parreirais. Ao lado da esposa Celoni, 57, e do filho João, 24, a inteira família pega junto no batente, mas conta com uma ajuda especial. “Sozinhos não conseguiríamos fazer. Então, os vizinhos estão aqui dando uma força. Temos muito essa questão aqui, quando eles precisam, nós também ajudamos”, enaltece.


Mesmo que mantenham a tradição dos antepassados, investiram em maquinário moderno, mas buscaram outras formas de sustento. Na agroindústria produzem outras iguarias da culinária italiana como massas e doces, entre outras tantas.


Majoritariamente, sua produção de 2,5 mil quilos abastece empresas que transformam o fruto em suco, mas reservam parte para o consumo interno. Ao circular pela propriedade é impossível não se impressionar com o aroma e sabor das uvas ali cultivadas, sob os atentos cuidados da família Sperafico.

Para uma boa colheita, orientação e esforço são importantes

Engana-se quem pensa que apenas o clima é essencial para obter uma colheita expressiva. Inegavelmente, é importante contar com uma forcinha de São Pedro, mas há outras questões que influenciam.


Entre eles, por exemplo, a orientação técnica e eficaz podem fazer a diferença. Sperafico relata que, para este ano, encomendou uma análise de solo. Na sua visão, este foi um fator deternimante para os resultados conseguidos na colheita deste ano. “Uma parte vem disso. Nós estamos muito felizes. Não sei dizer se foi a nossa maior colheita, acho até que não, mas com certeza seria a segunda”, comemora. Para isso, precisou investir, mas não abriu mão de fazer as intervenções necessárias. “Foi um susto. Não vou negar, mas hoje vejo que valeu muito a pena fazer esse trabalho”, complementa.

Após a análise, produção voltou a deslanchar

Com os resultados em mãos, Neri Sperafico não contestou as orientações e seguiu à risca as recomendações. Diferentemente do que vinha fazendo, o solo não precisa de boas doses de calcário, mas, sim, de outros três elementos. “Fósforo, um pouco de potássio e boro, que nosso solo é bastante pobre”, afirma a agrônoma da Emater de Rolante, Maria Rosane Renck.
A profissional elenca alguns cuidados aos produtores. “Ninguém deve fazer uma adubação por conta, sem recomendação, porque isso garantirá que o solo pode não receber os elementos necessários”, exemplificando a importância de um apoio profissional e justificando a importância da análise de solo. Como prêmio, Sperafico terá uma colheita 20% superior à obtida no ano passado. Além disso, outra questão importante para o desenvolvimento da planta está na adubação. “Influencia na qualidade do produto, tanto em tamanho, como no teor açúcar”, complementa a agrônoma.

Uvas gaúchas despontam no cenário nacional

Foto por: Inézio Machado/GES
Descrição da foto: Produção da família Sperafico, em Rolante, teve desempenho 20% superior neste ano
Cabe ao Rio Grande do Sul o título de maior produtor de uvas do País. O Estado, somado com os demais da região Sul, concentra 50% da produção nacional, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ao todo, existem 44 mil hectares de parreiras em solo gaúcho levando em consideração dados fornecidos pela Emater. Esses índices são analisados a partir da produção para venda. Segundo a entidade, existem outros indicadores que levam em consideração produtores domésticos. A estimativa será colher 632 mil toneladas, no RS.


Inegavelmente, a Serra é o motor da produção gaúcha, mas, mesmo assim, as condições para o cultivo não são as mais adequadas. Na visão do engenheiro agrônomo da Emater, Enio Todeschini, o cultivo está diretamente ligado à cultura italiana. “Inegavelmente, a questão cultural é o que explica essa expressiva produção. Na Serra, o fruto está mais exposto a um clima adverso, com morros e relevos”, ressalta. Por conta disso, as espécies híbridas e americanas conseguem uma adaptação mais favorável ao solo serrano, pois são consideradas como frutos com características mais rústicas.


Apesar disso, regiões como a fronteira Sul e Oeste estão ocupando um espaço importante na produção de uvas para vinhos finos. “São áreas extensas. A origem das parreiras foi no deserto, e lá as espécies europeias se adaptam melhor”, complementa Todeschini.

Reconhecimento é prêmio para a família

Qualidade. Essa é a palavra-chave na visão do viticultor rolantense pode, de uma certa forma, explicitar o sentimento que move, tanto ele como o restante da família, a dar continuidade ao trabalho no campo. Além disso, o reconhecimento que possui da porteira para a fora serve como combustível para driblar as adversidades e seguir firme no comando da propriedade. “O pessoal reconhece o que a gente produz”, comemora Sperafico. O produtor não se imagina distante da lida nos parreirais ou, até mesmo, deixar de lado o manejo do rebanho que possui.
Sem medo de afirmar, ele crava que sua felicidade se potencializa pelo contato familiar que consegue manter com este envolvimento. “Deus queira que eu tenha saúde para seguir fazendo o que gosto”, destaca, visivelmente emocionado. Ele valoriza, inclusive, o fator geracional. “Uma coisa que vem de família, a gente não pode despresar. Me sinto gratificado por fazer e por continuar fazendo”, finaliza.

Colheita de três espécies

Além da uva bordô, que é líder da produção da família Sperafico, no há mais duas especialidades cultivadas na propriedade em quantidades consideráveis. As variedades branca e rosa também a produção dos parreirais rolantenses.


Entre um circuito e outro, o produtor Neri Sperafico mostra o conhecimento adquirido há mais de cinco décadas, o que está deixando de legado para seu herdeiro. “É algo que está indo para a sua quarta geração”, brinca o viticultor.

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