Com cerca de 66 mil habitantes, Campo Bom tem o nome de origem baseado nos tropeiros que conduziam o gado da Serra Geral para São Leopoldo e Porto Alegre. O nome seria uma referência às boas pastagens e abundância de água, que possibilitaram aos tropeiros acamparem na região. Campo Bom foi colonizada em 1825, emancipando-se de São Leopoldo em 31 de janeiro de 1959.
Segundo o historiador Roberto Atkinson, tudo começou a partir do grupo emancipacionista Amigos de Campo Bom. “Campo bom foi elevada a 10º distrito em 1926, a partir do território de Novo Hamburgo. Por lei federal de 1938, feita por Getúlio Vargas, que mandou definir divisas de todos os municípios e distritos, foi elevado a categoria de vila. Em 1952, 1954, Campo Bom era uma vila que pertencia a São Leopoldo, e este grupo passou a trabalhar juntamente com a prefeitura da vila pela emancipação. Campo Bom era mais desenvolvida que outras áreas, e isso pela indústria. Grande parte do pessoal da comissão de emancipação era ligado à indústria calçadista. Foi feito então o movimento para que a vila virasse município. Após um plebiscito, foi emancipada por lei estadual”, conta Atkinson.
Conforme o historiador, antes mesmo de ser um município, Campo Bom tinha o desenvolvimento econômico baseado na agricultura, no século XIX. “Aí, lá por 1880, a agricultura já estava decaindo, a terra não era mais fértil, só dava para plantar mandioca. Por isso, surgiram bastante atafonas, para fazer a farinha de mandioca. Neste meio tempo, surgiu o setor oleiro, que foi bem forte e que em parte financiou as fábricas de calçados; que já foi uma outra questão econômica, em torno de 1905. O boom do surgimento das fábricas mais antigas e tradicionais foi entre as décadas de 1935 e 1950. Mas ainda era mercado interno, a exportação foi só a partir da década de 60”, explica Atkinson.
Campo Bom foi o primeiro município do Brasil a exportar calçado, em 1968, e também onde aconteceu a 1ª Feira Nacional de Calçados, em 1961, que depois deu origem à Fenac de Novo Hamburgo. O município também se destaca pela ciclovia. Campo Bom construiu a 1ª Ciclovia da América Latina, com 18 mil metros de extensão.
Além da prática do ciclismo, o espaço, que corta diferentes áreas da cidade, é também utilizada por pedestres que praticam esportes, como corrida e caminhada. Foi também a cidade que construiu a 1ª Igreja de Culto Evangélico do Sul do Brasil, sendo também uma das primeiras do País, e a 1ª Escola Evangélica do Sul do Brasil. E em 2009, se tornou pioneira ao oferecer serviço gratuito de Internet sem fio para 100% da população, por meio do W-Campo Bom.
Hoje, 60 anos depois, o município guarda os traços de sua formação étnica predominantemente germânica, mas também de outras tantas etnias e culturas. O período de urbanização veio por volta de 1959, juntamente com a emancipação, quando Campo Bom deixou de pertencer a São Leopoldo, e passou a se desenvolver economicamente. “Antes de os imigrantes alemães virem para Campo Bom; a partir de 1825, já tinham portugueses aqui. E antes dos portugueses já tinha a tribo de índios kaingang. Além disso, muitas pessoas começaram a vir de diferentes partes do Brasil na década de 1970, atraídas pela indústria do calçado que precisava da mão-de obra. Era comum na época famílias inteiras virem de Santa Catarina, Paraná, com sacos de açúcar cheios de roupas e pertences e sentar na beira da calçada perto das fábricas”, relata o historiador de Campo Bom.
Para a professora aposentada Renilda Gerhardt, a emancipação de Campo Bom teve forte apelo da comunidade. “Apesar de ter sido encabeçada por industrialistas, o povo todo participou e colaborou para essa conquista. E até hoje o povo de Campo Bom é unido e solidário”, afirma. E a educação também faz parte da história do município. Ainda segundo Renilda, a escola Ildefonso Pinto é uma das mais antigas do Estado e a primeira construída em Campo Bom foi a Escola Evangélica Tiradentes, a primeira escola evangélica do Sul do País, que hoje se chama Colégio Sinodal Tiradentes . “E o primeiro professor da escola foi um pastor evangélico. Ele era pastor, professor e agricultor. A Escola Tiradentes foi a primeira escola particular onde os filhos dos imigrantes alemães tinham aulas”, observa Renilda.