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Notícias | Região Novo Hamburgo

Em sequestro, padre escapa da morte após criminosos descobrirem sua identidade

Antes de ser deixado em Portão, ele foi sequestrado em Novo Hamburgo e agredido

Por Débora Ertel
Publicado em: 08.02.2019 às 15:52 Última atualização: 08.02.2019 às 20:57

Depois de ser sequestrado, agredido e ficar a mira de um revólver, um homem escapou da morte quando os criminosos descobriram que ele é padre. O crime aconteceu na segunda-feira, dia 4 de fevereiro, com um sacerdote de 37 anos da Diocese de Novo Hamburgo. “Pensei que seria o meu fim. Mas graças a Deus escapei, Ele estava do meu lado, assim como sempre esteve do meu lado sempre”, desabafa o religioso que pede para não ser identificado porque tem medo que sua paróquia, assim como amigos e familiares, sofram represálias.

Por volta das 17 horas, depois de passar pelo setor administrativo da diocese em Novo Hamburgo, ele foi rendido por dois homens. Um deles, justamente o que estava armado, aparentava estar sob efeito de drogas e era muito violento. O padre estava no seu dia de folga.

Ele foi agredido com socos, pontapés e coronhada, colocado no porta-malas e retirado de lá somente quando eles chegaram no interior de Portão, em uma estrada de chão da zona rural. Segundo o padre, os criminosos queriam utilizar o carro para receptar uma quantia de droga. Depois de se certificar que o carro não tinha rastreador e o tanque estava cheio, mandaram o sacerdote correr e fugiram. Mais adiante, o religioso encontrou ajuda e chamou a Brigada Militar.

'Eu estava com muito medo de que ele fosse disparar'

Como foi que tudo aconteceu?
Foi na segunda-feira, no meu dia de folga. Primeiro eu passei na cúria e pensei "vou passar no mercado e comprar um pão, pois às vezes chego e não tem nada para comer”. Aí eles chegaram e com muita tranquilidade fui respondendo a tudo aquilo que eles estavam me perguntando. Eu colaborei com eles e cuidei a maneira de dizer as coisas. Mas era visível que um deles estava drogado. Quando me deixaram em Portão, isso era pelas 17h30, me tiraram do porta-malas. Aquele que tinha a arma em punho devia ter entre 20 e 25 anos. Pensei que ali no meio do mato seria o meu fim. Mas antes tive uma conversa com eles. Me perguntaram se tinha antifurto, rastreador e até gasolina que chega. Foi quando perguntaram a minha profissão e eu disse que era sacerdote. Então, de uma maneira irônica, disseram que não matariam um padre. Até aquele momento estava em dúvida se matariam ou não, pois um deles estava bem, mas o outro, que tinha a arma, estava fora de si, e eu estava com muito medo de que ele fosse disparar.


O senhor foi agredido?
Quando abriram a porta para sair do carro, ele me deu dois socos no rosto e depois acertou uma coronhada, pontapés e mais socos e me jogou no porta-malas. Eu já tinha sido roubado antes, mas não com toda esta violência. Quando fui solto, me mandaram correr para um lado e eles fugiram, a toda velocidade, para o mesmo lado em que eu corria. Mais adiante encontrei uma pessoa em um trator puxando toras de madeira que me ajudou e chamou a Brigada. Fui ao médico para ver os hematomas, mas estou bem. Só muito assustado com o fato.

O senhor perdoou os assaltantes?
Outros já me perguntaram isso. O perdão é uma palavra muito forte, é algo que tem vir do coração, pois se não for assim, não tem valor. Como o Papa João II foi até o seu atirador e o perdoou, eu como religioso ensino o perdão. Eu quero ter paz no coração e continuar a vida. Foram-se os botões, ficou a vida.

A sua comunidade sabe do que aconteceu?
Sou padre há 11 anos e eles sabem o que passei. Eles estão me confortando, me visitando. Estou me sentindo recém-nascido do colo da comunidade. Estão abraçando o seu padre e dando um colinho de mãe, de pai e de irmão.

A sua vida mudou depois do assalto?
Mudou a maneira de como às vezes a gente não percebe o valor da vida. A gente parece viver a vida de qualquer jeito, despreocupado com as coisas. Eu fiz uma análise e vi que há coisas em que posso melhorar. Essa é uma nova oportunidade que Deus me deu na vida. Há coisas para melhorar, são pequenas, do meu jeito de viver.

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