Uma pane no sistema de captação de água bruta junto ao Rio dos Sinos, em Lomba Grande, deixou os aproximadamente 84 mil clientes da Comusa – Serviços de Água e Esgoto sem água em algum momento ao longo do dia de ontem, em Novo Hamburgo. Segundo a autarquia, o abastecimento deve ser normalizado nesta quarta-feira. Moradores de bairros como São José, Canudos, Liberdade, Lomba Grande e Industrial reclamam estar sem água nas primeiras horas de hoje.
A Comusa tem capacidade para armazenar 23 milhões de litros nos 23 reservatórios espalhados pela cidade. Conforme a autarquia, no verão, em dia de semana, com tanques cheios, a Comusa possui autonomia de quatro horas, ou seja, esse é o período que a autarquia consegue abastecer as residências sem precisar captar água do rio. Essa capacidade, entretanto, é sazonal. No inverno, a autonomia é maior.
O problema começou por volta das 3 horas de ontem, quando ocorreu a queima do disjuntor, que resultou no comprometimento do inversor de frequência. "Sendo assim, não havia energia para captar e enviar água para a estação de tratamento, que fica no bairro Rondônia, em Novo Hamburgo", argumentou a Comusa.
A autarquia disse que possui um equipamento reserva, mas para instalá-lo dependia que a concessionária de energia desligasse a rede na região. "Depois que a rede foi desligada, nossos técnicos fizeram a substituição e ligaram para a concessionária para que ela religasse a energia. Esse processo durou toda a madrugada e, como nossos reservatórios não estavam cheios, logo eles foram esvaziando até começar a comprometer o abastecimento", justificou.
SEGUNDO PROBLEMA
Religada a energia, foi preciso acionar novamente o bombeamento de água. "Nessa manhã (ontem), tivemos um segundo problema. Ao religar o sistema, parte do dispositivo de bombeamento não reiniciou. Passamos a captar água com apenas metade da capacidade. Por isso, a demora em voltar o abastecimento em toda a cidade", explicou a autarquia.
À noite, a Comusa informou que o novo dispositivo seria instalado durante a madrugada de hoje, para que na manhã desta quarta-feira a captação e tratamento estejam funcionando normalmente. Enquanto isso não acontece, o abastecimento nos bairros ocorre em forma de rodízio. O fornecimento de água a hospitais e unidades de saúde foi preservado.
A dona de casa Lisiane da Silva Rosa, 42 anos, moradora da Rua Leopoldo Guilherme Schneider, no bairro Canudos, ressalta que ficou sem água do início da manhã até as 16 horas de ontem. "Tentei contato com a Comusa diversas vezes. Nesse mês, faltou água quatro vezes na minha rua", diz. O bancário aposentado Nelson Ott, 80, morador da Avenida Victor Hugo Kunz, no bairro Vila Nova, ficou com as torneiras vazias desde o meio-dia de ontem.
Por meio de nota, o Pró-Sinos, que regula o serviço de abastecimento de água em Novo Hamburgo, informa que em linhas gerais, pode-se dizer que é "desejável" uma autonomia mínima de abastecimento, em caso de interrupção, de quatro horas. "Entretanto, salienta-se que essa definição é variável, conforme condições do sistema", pondera.
O diretor-geral da Comusa, Márcio Lüders, afirma que o problema registrado ontem foi uma situação atípica. "Nossos técnicos trabalham para corrigir essa falha e voltarmos a operar em 100%", frisa.
No entanto, ele admite que a Comusa precisa ampliar a capacidade de armazenamento de água. "Sabemos, no entanto, que precisamos ampliar a reserva de água do município. Por isso, estamos aguardando liberação da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para dar início à obra de construção do novo reservatório, que abrigará três milhões de litros de água, e ficará na estação de tratamento do bairro Rondônia", adianta.