O transporte de ônibus em Novo Hamburgo corre risco de deixar de operar em março. Em nota conjunta, publicada na edição imprensa do Jornal NH desta quinta-feira (28), as quatro empresas que atendem o Município afirmam que deixarão de prestar o serviço em 31 de março sob a alegação que o "Município nunca cumpriu adequadamente as obrigações contratuais" firmadas desde 2001.
Procurado pela reportagem,o assessor jurídico especial da Prefeitura de Novo Hamburgo, Ruy Noronha, afirmou que o Município irá se manifestar por nota nesta sexta-feira (1º).
Viação Hamburguesa, Courocap, Futura e Feitoria afirmam: "Apesar das empresas estarem sempre dispostas ao diálogo e a sacrifícios, diante da falta de sensibilidade demostrada pelo Executivo Municipal, realmente não terão mais como prestar o serviço de transporte coletivo urbano nestas condições, a partir de 31/03/2019, como já haviam avisado lá na reunião de 7/12/2018".
Leia, na íntegra, a nota das empresas de ônibus sobre o fim do serviço
As quatro empresas também alegam que o Município "nunca calculou a tarifa de forma correta, observando critérios técnicos, ou seja, rateando o custo acrescido da margem remuneração pelo total de usuários". Atualmente, o valor da passagem em Novo Hamburgo está em R$ 3,60.
O texto também traz um conjunto de fatores, desconsiderados pelo Município, segundo as empresas, para justificar o porquê da potencialização da crise do transporte. Entre as justificativas estão a queda no número de passageiros, o serviço de moto-táxi e de transporte por aplicativos, a violência urbana e as isenções de tarifa. As empresas também reclamam da demora na realização de uma licitação para o serviço em Novo Hamburgo, mesmo com uma determinação judicial desde 2011.
O edital da licitação do transporte público coletivo de Novo Hamburgo está praticamente pronto para ser lançado, mas ainda sem data definitiva. A expectativa da Prefeitura é que o texto esteja pronto para publicação em março. Entre idas e vindas desde 2017, quando houve a primeira audiência pública para tratar do tema, o edital precisou passar por análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O órgão apontou necessidade de alguns ajustes, como, por exemplo, unir transporte, bilhetagem eletrônica e publicidade dos ônibus num único edital.
Em audiência pública realizada nesta semana na Casa das Artes, foi apresentado o valor máximo da tarifa que as empresas poderão atingir na licitação: R$ 4,04. "Não quer dizer que esse vai ser o preço final. As empresas poderão diminuir na concorrência, que é o que deve acontecer. O valor pode ser mais alto porque temos que levar em conta os investimentos e melhorias que vão ocorrer. Haverá mais conforto para o passageiro", ressaltou o diretor de Transporte, Leandro de Bortoli, na audiência.