Dentro do próprio veículo, enrolado em tapetes e cobertores no banco traseiro, o corpo do motorista de aplicativos Gérson Cortês, 26 anos, foi abandonado na manhã desta quinta-feira (11) na Rua das Abelhas, na Vila Feliz, em Sapucaia do Sul. O carro, um Chevrolet Classic cinza, foi deixado com as portas trancadas, na rua estreita de chão batido, a alguns metros da BR-116. A descoberta de que no interior dele estava Cortês já sem vida, pôs fim a angústia da família, que por horas tentava contato com ele, desde de que o jovem havia aceitado uma corrida, solicitada por volta das 22h30 de quarta-feira (10). Segundo a polícia, o corpo de Cortês apresentava marcas de pelo menos 13 facadas, nas costas e também no peito.
Morador do bairro Cohab casas, Cortês era motorista de aplicativos há cerca de sete meses. Aceitava corridas à noite para complementar a renda que ganhava durante o dia como gerente de uma loja de telefonia em Esteio. Ele residia com os avós e, segundo a tia, Mirian Camile Lopes, 34, pretendia retomar os estudos. “Ele era técnico em telefonia e queria se aperfeiçoar”, conta.
À Mirian coube o triste encargo de reconhecer o corpo do sobrinho no Instituto Médico legal (IML) em Porto Alegre. Para a família, Cortês teria sido vítima de um assalto. “Ele era um guri muito querido, cheio de amigos. Não tinha desavenças com ninguém. Acreditamos que tenha sofrido um assalto e que tenha se negado a entregar o carro”, diz. Para Mirian, que também trabalha como motorista de aplicativos, o caso envolvendo o familiar acende o sinal de alerta. “A gente falava para ele não aceitar corridas à noite, porque era muito perigoso, mas ele precisava trabalhar. Também sou motorista de aplicativos e sinto muito medo. Agora, depois dessa, penso em parar de vez”, lamenta. Segundo Mirian, após ser liberado, o corpo de Cortês deverá ser velado no Cemitério Pio XII, no bairro Lomba da Palmeira. O sepultamento deverá ocorrer nesta sexta-feira (12) no mesmo local.
Conforme a delegada titular da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) da cidade, Luciane Bertoletti, somente a perícia poderá dizer a hora em que o motorista foi morto. Ela conta que a polícia trabalha com diferentes linhas de investigação, mas que a principal delas é de que o caso se trate de um homicídio. "O corpo apresentava marcas de muitas facadas e não temos informação de que algo tenha sido roubado dele. A hipótese mais provável é a de homicídio. Apesar de ter envolvimento com roubos e assaltos, tendo inclusive cumprido pena em São Paulo, aqui a vítima, aparentemente não tinha desafetos", ressalta a delegada. Hoje mesmo, a Luciane já começou a ouvir familiares e testemunhas do caso.
Informações que possam auxiliar a polícia na elucidação do caso podem ser repassadas à investigação pelo telefone (51) 3474-1300.