De principal ponto comercial do Vale do Paranhana a centro cultural regional. É essa a trajetória que a Casa Vidal, prédio erguido em 1882 no Centro de Taquara, deve seguir pelos próximos anos. Fechada desde a década de 1990 e com a estrutura deteriorada pela ação do tempo, somente em agosto do ano passado foram iniciadas as obras de restauração do local, depois de um processo que se arrastou por mais de 12 anos. Na manhã de quarta-feira (5), foi realizada a primeira visita guiada pelo espaço, para que lideranças e a imprensa pudessem conferir o que já foi feito até aqui.
As paredes que cobriram janelas e portas já foram removidas, assim como o reboco externo, concluindo 30% da primeira etapa. No entanto, do R$ 1,40 milhão necessário para terminar esta fase, ainda faltam R$ 380 mil, recursos que a prefeitura pretende captar de empresas da região por meio Lei de Incentivo à Cultura (LIC). O prédio é tombado como patrimônio histórico cultural e pertence ao município desde 2010.
Durante a retirada do reboco foram descobertas janelas e portas amplas, em arquitetura portuguesa, com grandes arcos. As aberturas serão preservadas depois da restauração, garantido um ambiente ventilado e iluminado à Casa Vidal. Mas os tijolos, que na sua maioria foram unidos com conchas marinhas vindas de Nossa Senhora da Conceição do Arroio, atual município de Osório, serão cobertos para serem preservados. Segundo a gestora cultural da Patrimonium, empresa responsável pelo projeto, Cristina Schneider, serão deixadas "janelas pedagógicas", pequenos espaços descobertos para que os visitantes possam ver como são as paredes originalmente.
Em 2017, a prefeitura fez uma solicitação ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que recebesse madeiras apreendidas porque eram ilegais. No mês passado, o órgão informou que vai doar 150 metros cúbicos de madeira, que serão entregues por etapas. Desta maneira, o material será utilizado no piso, forro e na construção do mezanino que vai abrigar a Biblioteca Municipal. Originalmente, o projeto previa que essa estrutura seria de metal.
A Casa Vidal será o endereço do Arquivo Municipal, que vai receber todo o arquivo pessoal de Maria Eunice Kautzmann e será batizado com o nome dela, e o Museu Histórico Municipal Adelmo Trott, além de ter uma cafeteria, biblioteca, salas para atividades culturais no segundo piso e um espaço para contação de histórias educação patrimonial no porão. A Casa Vidal foi construída em 1882 pelo Coronel Jorge Fleck, governante de Taquara no período que ocorreu a Proclamação da República. O local passou a ser uma espécie de "shopping" regional quando Henrique Vidal Kolrausch adquiriu o imóvel.
O projeto é desenvolvido pela Patrimonium Gestão e Produção Cultural e Forma Arquitetura, e está cadastrado na Lei de Incentivo à Cultura (LIC), envolvendo cerca de R$ 2,5 milhões, contando com o patrocínio das empresas Pirisa Piretro Industrial S. A., Calçados Bibi e F. H. Comassetto. A obra é executada pela Arquium. É dividida em duas etapas. A segunda, ainda sem projeto finalizado, envolve paisagismo, instalações hidráulicas e elétricas, além de mobiliário.