São Francisco de Paula concentra uma das belezas mais singulares graças a maior área de araucárias do Rio Grande do Sul. Em plena safra do pinhão, o município deve colher 60 toneladas, uma quebra de 60% em relação ao ano passado, quando se chegou a 150 toneladas.
No Estado, a produção deve ser de 400 toneladas, 50% menor do que no ano passado, conforme levantamento da Emater, conveniada da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).
Os principais motivos para a redução, de acordo com a Emater, foi o clima em 2017. A produção da semente sofreu impactos decorrentes da distribuição pluviométrica, com excesso de chuva, estiagem e geadas fora de época. A colheita se estenderá até o final deste mês, de acordo com portaria publicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), que regulamenta a atividade.
A agricultora Marley Zambelli cultiva milho e cria pequenos animais como porcos e galinhas durante o ano, mas nesta época se dedica totalmente à colheita e ao beneficiamento do pinhão. Ela vende in natura o pinhão que colhe diariamente e também produz bolos, paçoca, farinha, pastéis e croquetes.
O ponto alto da comercialização é a Festa do Pinhão de São Francisco de Paula, organizada pela prefeitura. Este ano, o evento ocorreu em apenas um final de semana, entre 7 e 9 de junho, recebendo em torno de 20 mil visitantes. Foram distribuídas gratuitamente 2,5 toneladas de pinhão. A comercialização da agricultura familiar chegou a R$ 25 mil, e a movimentação na cidade, incluindo hotéis, restaurantes e comércio, entre outras atividades, chegou a R$ 3 milhões. “Este retorno financeiro dá muita credibilidade para a festa, que ano que vem estará melhor ainda”, afirma Rafael Castello Costa, secretário de Cultura, Turismo e Desporto de São Francisco de Paula.
A extensionista rural social da Emater Sandra de Moraes Silva afirma que a maioria dos produtores ainda não utiliza a semente como fonte de renda. Apenas 95 famílias das 1.050 envolvidas com agricultura familiar em São Francisco de Paula utilizam o pinhão para este fim. E esse número pode ser muito maior. “Conforme o produto vai se valorizando no mercado, o interesse e o envolvimento aumentarão. Aconteceu assim também com o queijo serrano”, avalia. Segundo Sandra, o pinhão é matéria-prima para uma série de produtos, como leite de pinhão e farinhas.
A araucária
A araucária é uma planta nativa do Rio Grande do Sul, protegida pelo Ibama. De acordo com a Portaria Normativa Descrição DC-20 de 1976, criada pelo órgão ambiental, é liberada a colheita e venda da semente de abril a junho. Também proíbe o abate/corte de araucária, salvo algumas exceções.