O grupo Paquetá The Shoe Company, com sede em Sapiranga, entrou com pedido de recuperação judicial (RJ) na noite desta segunda-feira (24). O valor das dívidas coberto pela proposta é de R$ 638,5 milhões. Segundo o porta-voz da empresa e um dos advogados que assessoram a Paquetá na RJ, Márcio Louzada Carpena, não há previsão de novas demissões em nenhuma das unidades da companhia.
O grupo opera as marcas Paquetá, Gaston, Paquetá Esportes, Esposende, Dumond, Capodarte, Ateliermix e Ortopé.
"A Recuperação Judicial figura apenas como mais um passo por nós desenhado dentro de um plano maior de ação para permitir que o Grupo supere algumas dificuldades pontuais e rapidamente volte a superar seus próprios números", afirma Carpena.
A RJ foi articulada durante quase 10 meses pela empresa que fatura cerca de R$ 1,3 bilhão ao ano. Na semana passada, a Paquetá completou 74 anos. Atualmente, tem 10.250 funcionários, 11 fábricas, 148 lojas próprias e 86 franquias. Há alguns meses, a empresa demitiu 600 empregados e restruturou algumas unidades.
Segundo Carpena, embora a venda de ativos ou de parte do negócio (como é o caso da rede de varejo que a Paquetá ostenta no Nordeste) não seja uma prioridade, o grupo não descarta tal medida. “Estamos olhando para frente e queremos o crescimento da Companhia, o que pode se dar por meio da venda, permuta ou algum outro tipo de negociação dos ativos."
O advogado afirma ainda que a RJ deve favorecer "o pagamento transparente, caminhos interessantes se abrem para uma empresa em recuperação, como, por exemplo, aumento de algumas linhas de crédito, seguranças aos fornecedores (que passam a ser credores especiais) e a grande possibilidade de receber aumento de capital, caso a empresa seja geradora de caixa, como é o caso da Paquetá".
Ontem, antes de a empresa protocolar a RJ na Justiça, os funcionários foram comunicados.
O porta-voz da Paquetá diz, ainda, que nos últimos meses a empresa foi sondada e mantém conversas com alguns fundos e investidores. “A Companhia vem despertando interesse inclusive de fundos internacionais. Se for capitalizada e continuar entregando a qualidade que emprega em todos seus produtos e para todos seus clientes (alguns grandes players mundiais), o faturamento de R$ 1,3 bilhões pode disparar. Podemos, se tudo der certo, estar diante de uma empresa que pode abrir capital em bolsa dentro de 5 anos”, afirma Carpena. Embora a venda de ativos ou de parte do negócio não seja uma prioridade, o grupo não descarta a hipótese.