Quatro dias após completar 74 anos no mercado, o grupo Paquetá The Shoe Company, com sede em Sapiranga, ingressou com pedido de recuperação judicial. A ação foi protocolada no sistema do Judiciário gaúcho às 22h30 da última segunda-feira.
O valor das dívidas cobertas pela proposta de recuperação judicial, que será analisada pela juíza substituta da 2ª Vara Cível da Comarca de Sapiranga, Káren Danilevicz Bertoncello, é de R$ 638.477.488,90. A longa lista de credores do grupo é formada por bancos, fornecedores, questões trabalhistas, entre outros.
O maior montante, conforme Márcio Louzada Carpena, sócio da Carpena Advogados, escritório que coordenada juridicamente o grupo formado pela Paquetá para o processo ao lado da Galeazzi (consultoria financeira) e o escritório de advocacia João Pedro Scalzilli (responsável pela condução processual), é de fornecedores.
"A recuperação judicial é um processo de superação de um estado de dificuldade. Nos preparamos durante dez meses antes de entrar com o pedido. Não é um desafio pequeno, é grande e exige cuidado", fala Carpena, ao destacar que o faturamento da empresa, acima de R$ 1,3 bilhão, é quase o dobro do montante das dívidas.
Durante todo o processo - desde o pedido na noite de segunda-feira -, o grupo Paquetá seguirá funcionando normalmente. "Pelo tamanho, porte e faturamento do grupo, a recuperação judicial da Paquetá estaria em primeiro lugar no Estado das mais fáceis", afirma Carpena.
Dos mais de R$ 638 milhões em dívidas , cerca de R$ 393 milhões, caso deferido o pedido, serão submetidos ao plano de recuperação judicial. Os outros R$ 245 milhões correspondem a credores que têm garantia, como alienação fiduciária ou estão relacionadas a adiantamentos de contrato de câmbio, restantes não entram.
Conforme a comarca de Sapiranga, Káren Danilevicz Bertoncello será a juíza responsável por deferir ou não o processo de recuperação judicial. Até o meio da tarde de ontem, o processo estava com uma diligência pendente no cartório e por isso ainda não havia ido para apreciação da juíza. Assim que chegar na mesa da juíza, pela legislação Káren tem cinco dias para se manifestar.