Abandonado há cerca de um ano, um prédio localizado na esquina das ruas São Domingos e Osvaldo Aranha, de frente para a BR-116, no Centro, se transformou em um cenário de medo para os moradores do entorno nas últimas semanas. O motivo não são assombrações, mas os crimes recorrentes que são registrados no local. Tomado pelo lixo, o prédio teve suas aberturas destruídas e se tornou abrigo para usuários de drogas e assaltantes que se escondem na estrutura para surpreender os pedestres que utilizam a passarela da BR-116.
ESTUPRO
Na semana passada, a Brigada Militar foi acionada pelos moradores porque uma moradora de rua teria sido estuprada no local. Ela foi encontrada pelos policiais nua e com o rosto desfigurado. Desde então, está internada, em coma, no Hospital Centenário. Responsável pela investigação, o delegado Joel de Oliveira, da 1.ª Delegacia de Polícia (1.ª DP) de São Leopoldo, afirma que a vítima tem entre 20 e 30 anos. "A gente está acompanhando o dia a dia dela. Possivelmente o autor ou autores sejam também moradores de rua", diz o delegado.
Um comerciante das redondezas, que prefere ter a identidade preservada, conta que a funcionária da loja da qual ele é proprietário já foi assaltada duas vezes a caminho do trabalho, ao passar pelo local. Ele lembra que o prédio abandonado já abrigou vários tipos de negócios, como uma recapeadora de pneus e um curso para solda, e lamenta a situação de degradação do local, aliada à insegurança. "Nós já vimos mais de dez assaltos nessa esquina. Eles andam de bicicleta, e daí se escondem ali para assaltar. Isso aí tá um horror. A gente já falou mil vezes para o dono", conta o dono do estabelecimento, que está há cinco anos no local. "Quando o pessoal passa aqui para atravessar pro outro lado, elas pedem para a gente ir cuidando. Todo mundo tem medo". completa.
Situação semelhante é relatada pelo mecânico Gilmar de Mello, 40, morador da Rua São Domingos. "Duas vezes vieram aqui me pedir para ligar para parentes, por causa de assaltos. Tá muito perigoso, sem falar no lixo acumulado lá dentro e na rua", reclama.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura informou, por meio da Diretorai de Urbanismo, que o proprietário do prédio será notificado, com o prazo de 30 dias para apresentar uma solução. Após o prazo, será multado no valor de 250 UPM, o que representa R$ 947,50. A cada mês de não cumprimento, a multa dobra de valor. No terceiro mês, ele será acionado judicialmente. A notificação exige limpeza do local e laudo de estabilidade do prédio. A reportagem entrou em contato com o proprietário do prédio por telefone, mas não consegiu retorno.