Se na Itália o processo de beatificação do padre João Batista Reus caminha a passos lentos desde 1953, em São Leopoldo, cidade onde ele trabalhou e onde está situado o túmulo com seus restos mortais, os devotos não têm dúvidas da santidade do padre alemão. “Ele é o meu santo. Sempre me atendeu quando pedi sua intercessão. Há 11 anos minha filha perdeu o bebê e quase morreu. Quando ela engravidou de novo, recorri ao Padre Reus pedindo que tudo corresse bem com meu neto. Em agradecimento, há dois anos, toda a semana, vou caminhando de pés descalços de onde moro, no bairro Carioca, em Sapucaia, ao Santuário, para agradecê-lo”, comenta a dona de casa Sílvia Rejane da Rosa, 55 anos. A fé e a gratidão de Sílvia ganhou eco neste domingo (14) com outras centenas de vozes de pessoas que participaram da 13ª edição da Romaria do Padre Reus, em São Leopoldo. O evento, neste ano, teve como lema 'Congregando Corações, Construindo Nova Terra'.
Nem mesmo a garoa fina que caiu desde a concentração, às 9 horas em frente a Igreja Matriz, até a chegada ao Santuário do Sagrado Coração de Jesus, cerca de uma hora depois, desanimou os devotos. A estimativa da organização é de que sete mil pessoas tenham participado da caminhada, que foi repleta de demostrações da crença, daqueles que aproveitavam o trajeto para pedir ou agradecer. “Venho como forma de agradecimento pela minha família”, comenta o auxiliar administrativo Eduardo Vicente, 40 anos, que levava nas mãos uma foto da esposa Franciele e dos filhos Otávio e Manuela.
Entre os participantes também estiveram muitas crianças, que para os pais representam pequenas provas vivas da intercessão do Padre Reus junto de Deus. “Tive muitos problemas na gestação e na hora do parto e pedi ao Padre Reus para que não deixasse que nada de ruim acontecesse para a minha filha. Hoje estamos aqui em agradecimento” afirma a vendedora Monique Passaglia Santos, 30, que caminhou ao lado do marido, Natan da Silva, 28 e da pequena Marina, de dois meses. No colo do pai, Marina descansava, alheia a todo o movimento, vestida de anjo.
Com asas e auréola em meio a multidão também esteve Guilherme, 6 anos, que pelo sexto ano consecutivo agradeceu pela vida ao lado da mãe, a professora Katiúcia Soares Krause, 37, e da vó, a artesã Cleusa, 57. “Ele nasceu de sete meses e ficou internado na UTI. Prometi participar da romaria sete anos seguidos se o Padre Reus atendesse minha prece. Já viemos há seis e só temos a agradecer”, conta Katiúcia.
Na chegada ao Santuário do Sagrado Coração de Jesus, os romeiros foram recepcionados pela banda do Exército. Na escadaria do local, receberam uma bênção do bispo da diocese de Novo Hamburgo, Dom Zeno Hastenteufel. Depois seguiram para a missa. Muitos, porém, trocaram a celebração Eucarística por orações silenciosas próximo ao túmulo de Reus. “É um lugar que transmite uma paz muito grande. Onde sentimos uma proximidade ainda maior com este, para nós, já é o nosso santo. Sou muito grata ao Padre Reus por tantas bênçãos e graças que ele fez em minha vida”, comenta a dona de casa Alice Marques dos Santos, 40 anos.
Uma novidade nesta edição da romaria foram as entrevistas e imagens feitas pelos jornalistas Marcelo Collar e Marina Mentz. As histórias de fé de devotos da região serão utilizadas no documentário Reus – Por uma graça alcançada que está sendo produzido pelo Grupo Sinos, ainda sem data oficial para o lançamento. A produção conta com o apoio do Santuário do Sagrado Coração de Jesus e do Colégio São Luís.
Coordenadora da Comissão Organizadora da Romaria, Andrea Guedes, destacou a produção do filme. “Foi um diferencial desta edição da romaria, que certamente conseguirá agregar mais pessoas nas próximas, além de, quem sabe, poder contribuir junto ao Vaticano no processo de beatificação do Padre Reus. É uma maneira de levar a mais pessoas o conhecimento sobre que foi o Padre Reus e a importância dele para a nossa cidade e nossa comunidade”, avalia. Ela ressaltou também que, por conta da chuva, o número de participantes superou as expectativas da organização. “Pensávamos que o tempo fosse espantar os fiéis, o que não aconteceu. A fé transforma vidas, transforma pessoas e o grande mentor de tudo isso foi o Padre Reus”, opina.