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Notícias | Região História

Prefeitura elege 265 imóveis de interesse de preservação: veja a lista completa

Inventário divulgado nesta semana pretende conservar a história do Município, mas proprietários divergem

Por Daniel Stein Rohr
Publicado em: 17.07.2019 às 22:32 Última atualização: 18.07.2019 às 07:39

Um mistério iniciado em 2016 chegou ao fim nesta semana: após três anos de estudos, a Prefeitura divulgou o decreto com a lista completa dos imóveis leopoldenses com interesse de preservação. A relação é composta por 265 imóveis e sete monumentos de interesse cultural, artístico ou arquitetônico para o Município, e vai desde prédios icônicos da cidade, como a sede da antiga Unisinos (foto ao lado), até residências que, por algum motivo, mereçam ter sua estrutura preservada.

Foto por: Daniel Stein Rohr/GES-Especial
Descrição da foto: Na principal entrada da cidade, prédio da antiga Unisinos foi restaurado e dá boas-vindas aos visitantes
A primeira relação de prédios foi elaborada por uma arquiteta especialista no assunto. Depois, todos os imóveis foram vistoriados pelos técnicos da Prefeitura, e vários deles foram excluídos da relação, com aprovação do Conselho do Patrimônio Cultural de São Leopoldo (Compac). Restaram os 265 imóveis, que foram divididos em três categorias de proteção: rigorosa (C1), intermediária (C2) e flexível (C3).

PRESERVAÇÃO

Na prática, o decreto protege imóveis que já estavam listados em leis anteriores contra descaracterização e demolição, por exemplo, preservando prédios que ajudam a contar a história da cidade. É isso que argumenta o secretário de Cultura e Relações Internacionais, Pedro Vasconcellos. "O sentido de tudo isso é que nós temos que enxergar essa política como uma política cultural de preservação da memória, da história e do imaginário coletivo da cidade. É um direito que a população tem e as futuras gerações devem ter de acessar a memória coletiva da cidade, desse conjunto de prédios que contam a história de São Leopoldo", resume o secretário.

A maior parte dos imóveis listados está dentro da chamada "Área especial de interesse cultural" da cidade (mapa ao lado), que começa na Rua da Praia e segue pela Rua Independência. "Dentro dela está o patrimônio mais significativo do que restou da cidade, e a importância do inventário é justamente para que a gente possa garantir o direito de conhecimento e acesso das futuras gerações", argumenta Vasconcellos.

Confira o inventário completo:
Inventário completo

 

Conjunto

Vasconcellos lembra, ainda, que não é mais uma prática usual o tombamento de prédios isolados da cidade, e sim a preservação de um conjunto de prédios. "Se nós pensamos que São Leopoldo tem 195 anos, uma cidade vai sendo construída por camadas históricas. Alguns desses imóveis falam sobre períodos históricos diferentes. Alguns datam do início da colonização alemã, enquanto outros são mais recentes, da década de 70. São diferentes décadas e períodos históricos representados no inventário. É um instrumento de proteção", cita o secretário.

Lei vai prever incentivos e compensações

Com a divulgação do decreto com a lista dos imóveis com interesse de preservação, os proprietários serão notificados e terão um prazo de 60 dias para recorrer da decisão, justificando por que o imóvel não deveria pertencer à relação.

O próximo passo da Prefeitura é elaborar o projeto de lei com detalhamento dos incentivos e compensações que os proprietários dos prédios listados vão receber em troca das restrições impostas pelo decreto. "Nós queremos que os proprietários preservem o patrimônio, e a política de patrimônio em nível nacional vai no sentido de garantir os direitos dos proprietários para que tenham contrapartida e incentivos. Isso se dá pela venda de índice construtivo, isenção de impostos e descontos. Nós ainda não estamos com o projeto de lei pronto, mas logo vamos encaminhar para a Câmara", explica Vasconcellos, lembrando que também será realizada uma audiência pública com a presença dos proprietários na Câmara de Vereadores para debater o assunto.

Memória coletiva representada

Foto por: Daniel Stein Rohr/GES-Especial
Descrição da foto: Ferragem Feldmann é um dos prédios que fazem parte da memória afetiva da cidade

A Ferragem Feldmann, localizada na esquina da Rua Independência com a Rua Conceição, é um exemplo do que o secretário de Cultura, Pedro Vasconcellos, cita como representação da memória coletiva da cidade. "Ela, assim como outros prédios, fazem parte do imaginário da cidade. Todas as cidades têm isso. É o caso da Sociedade Orpheu, das igrejas... quantas pessoas têm aquele ponto como referência? São gerações", exemplifica.

 

Patrimônio familiar em xeque

Para alguns dos proprietários dos imóveis listados, em especial para aqueles cujos bens atingiram o grau máximo de proteção (C1), a inclusão dos imóveis é vista com receio, devido às restrições impostas pelo decreto. Se o proprietário tiver interesse de modificar alguma estrutura do prédio, deverá aprovar a intervenção junto à Prefeitura, e será multado se descaracterizar a edificação. Entre os afetados pelo decreto está a família proprietária do Cine Brasil, do Theatro Independência e de um prédio localizado na esquina entre a Rua Brasil e a Rua Independência (fotos abaixo). Embora garanta que há interesse de preservar a parte histórica dos prédios, um dos herdeiros, o empresário André von Esenwein, 48 anos, considera que o decreto engessa o patrimônio da família. "Uma coisa que a gente questiona é assim: temos três imóveis, e os três estão na lista. O que a gente faz? Três prédios desse porte na Rua Independência. Quem vai nos indenizar? O que vai vir de incentivo? Não podemos penalizar 100% do patrimônio de uma família", argumenta.

Theatro Independência é um dos imóveis que compõem o inventário

 

Exemplo a ser seguido?

Esenwein cita como um possível exemplo a ser seguido o prédio onde está localizada a agência da Caixa, também na Rua Independência. Lá, a parte frontal do prédio original foi mantida, e um novo edifício foi contruído nos fundos. "Que se permita que se mantenha a fachada e que possa construir no prédio, se não perde o valor. O maior interesse é a questão visual da fachada, quem passa pela rua tem acesso. O que foi feito na Caixa eu achei legal", compara o empresário.

Foto por: Daniel Stein Rohr/GES-Especial
Descrição da foto: RESTAURADO: prédio histórico na Rua Grande

 

Alguns dos imóveis listados no inventário

Rua São Joaquim, n° 948 - Correios
Igreja do Relógio
Igreja IELB
Av. João Corrêa nº 822 (Amaral)
Rua da Praia, 50 (Navegação Blauth)
Museu do Rio 
Câmara Municipal
Banco da Província 
Sociedade Orpheu
Secretaria da Fazenda 
Colégio Visconde 
Igreja Anglicana 
Ceprol 
Theatro Independência 
Comassetto 
Feldmann 
COL 
Prefeitura Antiga 
Antiga Unisinos 
Casa dos Padres Jesuítas 
Casa Roessler 
Sociedade Bolão 
Biblioteca Pública 
Rodoviária 
Igreja Matriz
Paróquia São José 
Selaria Kuhn 
Padre Reus
Casa do Imigrante 
Cecrei 
Antiga Hidraulica 
Colegio/Igreja São José 
Senai 
Sinodal 
EST
Galpão Rossi
Fábrica de Fósforos 
Museu do Trem 
Sociedade Arroio da Manteiga 
Sociedade de Canto São Borja
Argamassa Leopoldense 
19 BIMtz C3
16º GAC/AP
Seminário Concórdia 
Capela Cristo Rei
Rua São Francisco, 969 (Guedes)
Rua Independência, 699 (Casa Mena)
Cine Cruzeiro
Igreja Santa Catarina
Apae 
Colégio São Luís

MONUMENTOS E PRAÇAS

Chaminé Olaria Daudt 
Chaminé Papelaria Justo
Ponte da Viação Férrea 
Monumento à ponte férrea
Ponte 25 de Julho 
Praça Tiradentes 
Praça do Imigrante 

 

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