O detento Fernando Martins Marques, 41 anos de idade, condenado a mais de 100 anos de prisão, é apontado como o chefe de um esquema de roubos e adulteração de veículos aqui no Rio Grande do Sul. Após a descoberta, veio o desfecho da Operação Errores, deflagrada hoje (26) pela Delegacia de Roubos de Veículos (DRV) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que desarticulou a quadrilha que atuava a mando deste apenado, que emitia ordens e comandava os roubos de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Os crimes eram praticados em toda região metropolitana.
De acordo com os Delegados Guns e Rafael Liedtke, que coordenam a operação, as investigações tiveram início há mais de oito meses, oportunidade em que os policiais civis descobriram a existência de um esquema criminoso orquestrado de dentro da Pasc. Após a prática desses roubos, o detento então determinava que esses automóveis subtraídos tivessem seus sinais identificadores, como placas, numeração de vidros, chassi e motor, fossem adulterados/clonados. Na sequência, os veículos eram ofertados por meio de sites de intermediação de compra e venda online, por preços abaixo dos que geralmente são praticados no mercado.
Além disso, o detento também era responsável por ordenar a falsificação do documento de porte obrigatório (CRLV) desses veículos roubados, fazendo com que as vítimas, após pesquisarem nestes sistes sobre a venda e preços desses carros, acabassem caindo no golpe cometido pelo bando, depositando o dinheiro em contas bancárias registradas em nome de "laranjas" ou entregando em mãos dos estelionatários os valores em espécie.
Entretanto, após efetuarem os depósitos, as vítimas dirigiam-se com o veículo recém adquirido até o Detran/RS, a fim de realizar a vistoria, oportunidade em que descobriam terem sido enganadas, tratando-se de carro em situação de roubo, com sinais identificadores adulterados (clonados).
Os lucros obtidos indevidamente pelo detento da Pasc era dividido por todos integrantes da quadrilha, de acordo com a tarefa realizada por cada um dos membros. Conforme a Polícia Civil, com os crimes, eles conseguiram obter pelo menos 1 milhão de reais em dois anos de atuação.
As ordens judiciais foram deferidas pela 17° Vara Criminal do Foro Central de Porto Alegre, após parecer favorável da Promotoria de Justiça Especializada em processar organizações criminosas.
Hoje foram presos 18 integrantes. Seis deles em Novo Hamburgo e São Leopoldo. Foram também apreendidos dois aparelhos celulares, chip e caderneta de anotações no interior da cela da Pasc. Ainda foram recolhidos com os presos, valores em espécie, diversos chips de celulares, telefones, munições e uma pistola Glock, calibre 9mm, de uso restrito às Forças Armadas e Policiais.
Diretor do Deic, delegado Sander Cajal, enaltece mais um trabalho de excelência da DRV, demonstrando cada vez mais a qualificação na investigação criminal e o comprometimento com a sociedade gaúcha. "É uma investigação que serve de exemplo às polícias judiciárias do País".
Nesta manhã de sexta-feira os presos estão sendo conduzidos até a sede da delegacia especializada na repressão aos crimes de roubo de veículos do Deic, onde respondem a Inquérito Policial já instaurado para apurar os seguintes delitos:
1) Organização Criminosa (artigos 1° e 2° da Lei n° 12.850/2013 - pena máxima prevista de até 8 anos de reclusão);
2) Roubos de Veículos (artigo 157, parágrafo 2°, incisos I e II, do Código Penal - pena máxima de até 10 anos);
3) Receptação Qualificada (artigo 180, parágrafos 1° e 2°, do CP - pena máxima de até 8 anos de reclusão);
4) Adulteração de Sinais Identificadores de Veículos Automotores (artigo 311 do CP - pena máxima de até 6 anos de reclusão);
5) Falsificação de Documentos Públicos (artigos 297 do CP - pena máxima de até 6 anos de reclusão);
6) Uso de Documentos Falsos (artigo 304 do CP - pena máxima de até 6 anos de reclusão); e 7) Estelionatos (artigo 171 do CP, pena máxima prevista de até 5 anos de reclusão).
Após trâmites legais, serão encaminhados à Cadeia Pública de Porto Alegre, ficando à disposição da Justiça.