Comerciantes de Campo Bom se mobilizam por mais segurança

"O sentimento é de revolta." A frase é da comerciante Lubiane Rech, 33 anos, que há exatos dois meses teve sua loja de vestuário no Centro de Campo Bom, próximo ao Largo Irmãos Vetter, arrombada. Conforme ela, em 20 segundos dentro da loja, dois criminosos levam duas araras com cerca de cem peças, em um prejuízo estimado de R$ 10 mil, fugindo no veículo preto de um comparsa. O triste fato não é algo isolado. "Minha loja foi atacada no dia 29 de maio, uma quinta-feira. Na terça-feira anterior, o vidro de um estúdio fotográfico foi quebrado. Na semana seguinte, uma empresa teve cerca de R$ 20 mil em ferramentas furtadas", conta a empresária. Ainda quando a loja funcionava em outro ponto, Lubiane conta que, em janeiro de 2018, fora assaltada, sendo mantida refém pelos criminosos. 

"No primeiro assalto tive medo de morrer. No segundo, o arrombamento, fiquei muito revoltada. Questionei o policial que foi ao local até quando isso vai acontecer?", desabafa. Ela relata que, após as ocorrências, ela e o esposo, sempre que saem à noite, realizam uma espécie de "ronda", passando de carro em frente da loja, receosos de novos ataques. "Venho trabalhar e não sei como vou encontrar a loja", lamenta. Assim como ela, outros comerciantes vêm tendo problemas nos últimos anos na região central do município. Até mesmo itens decorativos vem sendo levados.

Assim como ela, outros comerciantes vêm tendo problemas nos últimos anos na região central do município. Por situações como esta, mais de 30 comerciantes devem estar presentes às 19 horas desta segunda-feira na Câmara dos Vereadores, quando a insegurança na cidade será debatida.

Comprometimento

No encontro desta segunda, requerido pelo vereador Joceli Fragoso, são aguardados o diretor institucional do Gabinete do vice-governador, Juarez Hampel, que já confirmou presença segundo o parlamentar, o comandante da 3ª Companhia da Brigada Militar de Campo Bom, Tiago Reimann da Silveira, e o delegado da Polícia Civil Clóvis Nei da Silva. "À noite a situação está complicada. Promovemos esse encontro para que as forças policiais possam se comprometer diante da comunidade de que algo pode ser feito", diz o vereador Joceli.

Nem cachorrinha escapou

Na madrugada de 17 de julho, no Centro do município, na Avenida Independência, a porta principal de uma clínica veterinária foi arrombada. Um homem entrou no local e colocou em mochilas diversos produtos, entre xampus, higienizadores e um notebook, além de uma cachorrinha, internada na clínica, que inclusive estava tomando soro. As imagens das câmeras de segurança flagraram a ação e mostram o homem, que estava de capacete, usar uma ferramenta para arrombar a porta de vidro. A Brigada Militar foi acionada e chegou a perseguir os suspeitos, que estavam em uma motocicleta. Eles abandonaram um mochila com produtos pelo caminho e conseguiram fugir. A cadelinha Sabrina, uma shi tzu, segue sendo procurada pelos proprietários.

"Desanima a gente"

No dia 11 deste mês, o empresário Rodrigo Lima, 32, teve prejuízo em sua loja de assistência técnica e equipamentos para celulares. Naquela madrugada, por volta das 2h50, dois criminosos quebraram a vidraça e danificaram a grade do estabelecimento. Em cerca de dois minutos, eles levaram caixas de som, películas, celulares de clientes e o dinheiro do caixa. "Eles levam coisas que devem ter para quem vender", diz Lima, que calcula os prejuízos em R$ 3 mil. Ele conta que foi o segundo ataque no ano. "O empresário hoje não vive, sobrevive. Tu pagas funcionário, imposto e toma um prejuízo desses. Claro que desanima a gente", relata o comerciante.

Em seis meses, 155 roubos e 384 furtos

Em Campo Bom, município com população estimada de 66 mil habitantes, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgados mensalmente pelo Estado, somente entre janeiro e junho foram cometidos 155 roubos e 384 furtos.

Dentro destes números, estão somados os ataques a estabelecimentos comerciais, de ensino, a pedestres e de itens do interior de residências e veículos, entre outros. Mesmo que os números tenham reduzido em relação ao mesmo período do ano passado, quando o município teve registrados 182 roubos e 408 furtos, os empresários seguem inseguros para manter suas lojas abertas.