Números não mentem. No primeiro semestre deste ano, o desempenho da economia brasileira ficou aquém do esperado, ainda que últimos indicadores divulgados já demonstrem uma melhora gradativa do cenário. A análise é da economista-chefe do Sistema Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, que aponta: o varejo tem tido um desempenho melhor do que o da indústria. "O consumidor final continua comprando, principalmente no dia a dia. O comércio está crescendo 4% no acumulado em 12 meses." Patrícia lembra ainda que não só o Banco Central, mas os agentes econômicos que fazem previsões estão reavaliando as suas trajetórias de crescimento.
Há diversas explicações para o cenário. Em função do mundo estar passando por um processo de desaceleração, é comum que os reflexos sejam percebidos na vida dos brasileiros. "Estamos vivendo com uma política monetária restritiva e que estaria desestimulando a atividade econômica", fala, ao projetar um segundo semestre mais otimista em 2019.
Ao que tudo indica, a economia brasileira terá um segundo semestre melhor e mais otimista. De praxe e por ser um efeito sazonal, a segunda etapa do ano costuma ser melhor do que o primeiro na economia como um todo. Patrícia destaca que houve uma reestruturação das expectativas que se tinha para o ano de 2019. Do ponto de vista político, grande parte dos atritos já transcorreram.
Patrícia também enxerga a reforma da previdência como algo necessário, inadiável, e acrescenta a influência de outras duas reformas: tributária e administrativa. "A tributária vai vir na sequência, de natureza fundamental. Nosso sistema tributário estimula a ineficiência dentro da economia brasileira." Quanto à reforma administrativa do governo, observa que do ponto de vista fiscal, é mais significativa para as contas públicas e para o equilíbrio orçamentário do País. Os tributos que a população paga acabam financiando a máquina pública. "Se ela é inchada, paga salários, em média, muito mais altos do que na iniciativa privada, acaba-se sobrecarregando o contribuinte brasileiro sem dar para ele o serviço na qualidade que poderia ser dado caso a gente tivesse um setor público mais eficiente."