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Notícias | Região Assassinado no Alpes do Vale

Dono de madeireira teria sido morto em emboscada armada por irmão e funcionário

Adriano dos Santos Dornelles confessou ter atirado na vítima a pedido de Marcelo Carlos Leal Back

Por Suélen Schaumloeffel
Publicado em: 02.08.2019 às 03:00 Última atualização: 02.08.2019 às 10:07

Foto por: Reprodução
Descrição da foto: SUSPEITO: Marcelo Back
O dono da madeireira incendiada no dia 10 de julho, Everaldo Oto Leal Back, 45 anos, teria sido morto em emboscada sob comando do irmão, Marcelo Carlos Leal Back, 34.

O também empresário, que foi preso preventivamente na manhã de quinta-feira (1º), é apontado pela Polícia Civil como o mentor do crime. Everaldo foi assassinado com dois tiros no início da noite de segunda-feira, no bairro Alpes do Vale, em Novo Hamburgo.

Segundo o delegado da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, Rogério Baggio, o crime foi premeditado por Marcelo e um funcionário de confiança dele, Adriano dos Santos Dornelles, 33, que confessou ser o autor dos disparos e ter agido a pedido do patrão. "O irmão nega o crime, mas a confissão do atirador, somada com as diversas contradições nos depoimentos, e alguns outros elementos que reunimos foram suficientes para apontarmos a autoria", explica.

Emboscada

O delegado afirma que a dupla teria armado uma emboscada para o empresário, o que foi confirmado no depoimento do atirador. Segundo o próprio Adriano, Marcelo teria levado o irmão até o local para ver um terreno para venda, e foram seguidos pelo atirador em uma caminhonete branca. No local eles saíram do carro e, quando Adriano chegou, a vítima não entendeu o que estava acontecendo.

"Na conversa, Adriano chamou a atenção da vítima, efetuou dois disparos fatais e em seguida deixou o local", conta Baggio. A arma utilizada para o crime seria um revólver calibre .38 e pertenceria ao próprio executor. Ela não foi localizada, pois, segundo Adriano, ele a teria jogado em um rio.

Morte teria ocorrido por ameaças à família

A motivação da morte de Everaldo segue desconhecida. O autor confesso dos disparos apresentou uma versão aos policiais em que Adriano disse que Marcelo o procurou, pois sua família, assim como a de Everaldo, estava ameaçada de morte porque Everaldo teria uma grande dívida. Então, para proteger a família, ele iria matar o irmão, porque aí não haveria mais motivos para ameaças. "Adriano sustenta essa motivação, mas o Marcelo nega qualquer participação no crime. Por isso, seguiremos investigando o caso, para esclarecer o fato", ressalta Baggio.

No depoimento dado na manhã de ontem, logo após a prisão, o delegado afirmou que o irmão seguiu negando o crime, mas forneceu elementos que não foram revelados, mas serão verificados pelos policiais, inclusive se há possibilidade de algum outro envolvido no crime. O autor dos disparos afirmou que não recebeu nenhum valor pelo crime e teria aceitado para ajudar o patrão "pela parceria".

Preso preventivamente

Marcelo foi preso preventivamente na manhã de ontem, pois os policiais apuraram que ele teria uma viagem com a família para Fortaleza, que poderia sugerir uma tentativa de fuga. Adriano não teve pedido de prisão realizado, pois, segundo o delegado, não há elementos legais para pedir a prisão dele. "Não houve flagrante, não há indícios de uma possível fuga dele e ele colaborou com a investigação. Então, a conduta dele, tecnicamente, não cabe a prisão. Mas ele sabe que não pode deixar a cidade sem comunicar a Polícia", esclarece.

O inquérito tem prazo de dez dias para ser concluído, mas o prazo pode ser prorrogado. A equipe de investigação segue coletando informações para o inquérito, assim como busca esclarecer a motivação do crime, que não ficou clara. Inicialmente, os dois suspeitos devem ser indiciados por homicídio qualificado.

Defesa quer revogar prisão

De acordo com o advogado Rafael Noronha, que defende Marcelo, o cliente nega autoria, prestando depoimento ontem na Delegacia de Polícia. "A defesa está trabalhando para revogação da prisão preventiva e, nesse momento, irá se manifestar somente nos autos", comentou.

A defesa de Adriano não foi localizada pela reportagem. Baggio disse que o homem, após ter negado, retornou à Delegacia acompanhado de advogados e decidiu contribuir com a investigações, confessando ser autor dos disparos no crime que teria sido combinado com Marcelo.

Contradições

Na noite do crime, dois policiais militares estavam a caminho do trabalho e flagraram os carros da vítima e do autor do disparo acessando o local do assassinato e desconfiaram da movimentação. "Eles fizeram contato com a sala (de operações) para verificar se algum veículo com as características dos dois avistados (um Volkswagen Gol e uma Chevrolet S10 branca) teria sido roubado. Diante da negativa, seguiram para o batalhão.

No entanto, Marcelo apontou, em seus dois primeiros depoimentos, que o crime teria sido cometido por três homens que desembarcaram de um Hyundai HB20", revela o delegado, que acredita que a identificação errada do carro foi passada de forma proposital para despistar a investigação.

Outros pontos considerados duvidosos pelo delegado foram os fatos de o irmão levar Everaldo para ver um terreno em um local ermo e que sequer tem imóvel para venda, o horário próximo da noite que se deslocaram para lá e como os criminosos saberiam que eles estariam ali. Marcelo também teria mentido sobre não saber quem era o matador, mas depois admitiu reconhecê-lo.

Identificação do carro

A partir da identificação da caminhonete que foi avistada pelos policiais no local, a equipe de investigação passou a procurar pelo veículo. Com desconfiança sobre Marcelo, procuraram por pessoas próximas a ele que teriam um carro daquele tipo. Identificaram que um funcionário, mais tarde confirmado como o Adriano, tinha este veículo. Em depoimento, Adriano negou, mas voltou atrás e disse que tinha vendido a caminhonete no dia anterior. A chave do carro foi encontrada com ele.

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