A proibição da "pega do porco na lama", durante a Festa das Azaleias, em Araricá, reacendeu a polêmica sobre uso de animais em competições e eventos. A prova foi suspensa após determinação do juiz da 2ª Vara Cível de Sapiranga, Felipe Só dos Santos Lumertz, na última sexta-feira. A competição, que consiste em correr atrás de um leitão dentro de uma arena cheia de lama, seria realizada em 24 de agosto. O cancelamento da ação traz como motivação que "o risco de dano irreparável está presente pela iminente realização do evento, com possibilidade de causar sofrimento desnecessário aos animais que seriam utilizados na atividade".
A denúncia foi recebida e protocolada pelo Movimento Gaúcho de Defesa Animal (MGDA) em parceria com o Coletivo Jurídico de Proteção e Defesa Animal (Cojur Animal). Para o advogado e membro do Cojur Animal, Rogério Rammê, a decisão pode influenciar outras festividades. "Estamos provocando o judiciário. É a segunda vez que coíbe uma prática como essa. A nossa tese é pelo sofrimento físico e, o mais importante, o sofrimento psicológico, com base em laudos veterinários. Animais como porcos se enxergam como presas. Em um jogo como este, liberam uma carga violenta de estresse e alguns bichos podem morrer em decorrência disso", afirma o advogado.
Em maio deste ano, outra ação conjunta do MGDA e Cojur Animal também conseguiu o cancelamento de uma atividade semelhante, em Estrela. Na ocasião, a "pega do porco" e a "pega da galinha" foram retiradas da programação do evento.
O que diz a Prefeitura
O prefeito de Araricá, Flavio Foss, foi procurado pela reportagem e não quis se pronunciar. A Secretaria de Cultura do município também foi questionada, mas não retornou as perguntas encaminhadas. Em caso de descumprimento da decisão está prevista multa diária de R$ 30 mil.
No tradicionalismo gaúcho, animais como bois e cavalos são bastante utilizados em competições. Conforme o advogado Rammê, o entendimento do judiciário nestas práticas é diferente e pautada por uma legislação estadual. "Envolve uma tradição gaúcha e tem lei estadual que regulamenta. Mas nós discordamos. Do nosso ponto de vista, os animais sofrem da mesma maneira", avalia.
Já o vice-presidente campeiro do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Vanderlei Eufrásio da Rosa, destaca a atuação da entidade no bem-estar animal. Segundo Rosa, desde março deste ano o MTG vem desenvolvendo uma cartilha com orientações da prática campeira com foco na proteção animal. "Temos o Departamento de Proteção e Bem-estar Animal, vinculado ao MTG, e partir disso começamos a desenvolver o manual prático de orientações e incentivo ao bem-estar, principalmente focado ao boi de rodeio", explica Rosa.
O manual deverá ser apresentado durante a Semana Farroupilha de Porto Alegre. "Vamos fazer um simpósio teórico e também demonstrar na prática como é o manejo correto", destaca Rosa.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou no último sábado um decreto que flexibiliza a legislação sobre rodeios no Brasil. O anúncio foi feito no estádio de rodeios do Parque do Peão de Barretos, durante a terceira noite da 64ª Festa do Peão de Boiadeiro, a mais tradicional do País. Com o decreto, compete ao Ministério da Agricultura avaliar os protocolos de bem-estar animal elaborados por entidades promotoras deste tipo de evento e, com a mudança, também será possível a realização de provas atualmente não disputadas.
Todos os rodeios no País poderão realizar as competições, desde que seguidas normas definidas pelo ministério. "Para nós, não existe o politicamente correto, faremos o que tem de ser feito", afirmou o presidente.
hospital local. O evento acontece há sete anos em Riozinho. A pega do porco é grande atração da festa. Assim como o município do Vale do Paranhana, outras cidades têm a cultura de realizar a atividade com o animal, dentro do que muitas caracterizam por tradições rurais.
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