A data é 26 de junho de 2019, uma quarta-feira. Uma menina de dois anos e sete meses é agredida pela mãe, de 25 anos, por fazer xixi na cama. No dia seguinte (27), ela acorda, diz que não se sente bem, pede um copo de água para a mulher e em seguida adormece para não acordar mais. O óbito é registrado e a mãe e o padrasto, 26, que é brasileiro. Eles alegaram que a criança caiu de uma escada.
O caso chegou à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas se tratando de um falecimento. Porém, a polícia desconfiou da versão contada pelo casal. "O laudo apontava que a menina tinha lesões abdominais que não poderiam ter ocorrido em razão de uma queda da escada", aponta o delegado Pablo Rocha, que conduziu a investigação. O que veio à tona foi um longo histórico de agressões da venezuelana que morava no bairro Mato Grande, em Canoas, contra a criança. "Ela espancou a criança por fazer xixi e, depois, inventou a história da escada", disse.
Os agentes da Polícia Civil, após terem dificuldade na localização da mãe e do padrasto, prenderam-os temporariamente nesta terça-feira (20). Segundo a investigação do caso, eles mudaram de endereçoquatro vezes nos últimos 30 dias, segundo a polícia. Terminaram sendo capturados em uma pequena casa no bairro são Miguel, em São Leopoldo.
O caso de maus tratos deve terminar com os dois respondendo por homicídio qualificado, conforme Rocha. "A mãe já confessou que bateu muito na criança naquela manhã, mas ela disse que o companheiro não tinha nada a ver com a morte", aponta. O delegado acredita que podem haver contradições na versão apresentada pela mãe da criança. "A investigação continua e o caso não vai ser fechado baseado, somente, no que ela falou sobre este homem. Acreditamos que ele tenha culpa sim e, ao final, deve responder pela morte da menina", finaliza.