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VÍTIMA: trabalhador escapou em meio a histeria que tomou conta do coletivo quando as chamas se alastraram
Diário de Canoas - Como foi que tudo começou?
Vítima - Eu estava no fundo do integração, conversando com um colega sobre o serviço, quando um rapaz encapuzado entrou. A gente já foi logo levantando as mãos pensando que era assalto. Só que o cara apenas jogou um líquido no chão e tocou fogo. Ele não falou nada. Só jogou fogo e teve início o desespero.
DC - Como você e os outros passageiros conseguiram sair?
Vítima - Foi um Deus nos acuda. Cada um por si. O motorista saiu correndo pela porta da frente e deixou todo mundo trancado. Até a cobradora colega dele teve que achar uma janela para pular. O pior é que o ônibus não tinha aquelas travas que abrem tudo de uma vez. Então as pessoas estavam enlouquecidas tentando quebrar janelas para fugir. A fumaça se alastrou rápido e não dava para ver nada, mas graças a Deus todo mundo conseguiu sair.
INCÊNDIO ÔNIBUS TERMINAL MATHIAS VELHO
DC - E depois o que aconteceu?
Vítima - Os caras não estavam mais lá quando saímos do ônibus. Tinham fugido. A gente esperou um tempão até chegar uma viatura da Brigada Militar (BM) e o Corpo de Bombeiros. Não apareceu ambulância, nem nada. Ninguém da empresa de ônibus. Nada. Cada um foi para o Hospital de Pronto Socorro do jeito que deu. Deu pena porque tinha vários idosos passando mal. Eu decidi ir para casa a pé mesmo. Estava traumatizado.
DC - E como vai ser o seu retorno do trabalho para casa a partir de agora?
Vítima - Eu estou com muito medo. A gente está acostumado a ler sobre isso quando acontece no Rio de Janeiro. Só que lá os caras mandam todo mundo descer do ônibus antes de incendiar. Não foi o que aconteceu. Para mim, ficou claro que eles queriam matar todo mundo queimado.
