O crime de violação de sigilo bancário em benefício da empresa InDeal, apontado durante a investigação da Operação Egypto, resultou em nova acusação do Ministério Público Federal (MPF). O procurador da República José Alexandre Pinto Nunes denunciou, na semana passada, o gerente do Bradesco Alex Sandro Plamer do Amaral, de 46 anos. O juiz da 7ª Vara Federal de Porto Alegre, Guilherme Beltrami, ainda avalia se aceita a representação do MPF e transforma Amaral em réu. Amaral não foi localizado. O Bradesco não se manifestou.
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O bancário foi denunciado em ação penal separada da que apura fraudes financeiras da InDeal, com 15 réus desde julho. Conforme noticiado com exclusividade em maio pelo Jornal NH, escutas telefônicas apontaram que o gerente teria contado a uma advogada da InDeal sobre a quebra do sigilo bancário da empresa. O vazamento da investigação aos suspeitos teria ocorrido no início de abril, quase 50 dias antes da deflagração da operação, que prendeu os cinco sócios e os cinco colaboradores mais próximos na manhã de 21 de maio.
Amaral era gerente geral da agência da Rua Júlio de Castilhos, no Centro de Novo Hamburgo, onde a InDeal movimentou R$ 553 milhões, segundo a Receita Federal. De acordo com colegas, ele foi transferido para uma unidade em Porto Alegre, há dois meses, e depois suspenso. A reportagem tentou contato com o denunciado por meio de amigos e de um advogado, mas não obteve retorno. Já o Bradesco, que em maio preferiu não se manifestar, declarou na última quinta-feira (29), por meio da assessoria de imprensa, que está averiguando a situação.
O vazamento da investigação para a InDeal foi classificado pela Polícia Federal como uma das descobertas mais importantes das interceptações telefônicas. Apontada como pivô do tráfico de informações, uma advogada hamburguense foi arrolada como testemunha no processo. As escutas apontaram que, depois de ser avisada pelo gerente, ela repassou o que soube ao sócio da InDeal Marco Antônio Fagundes.
Funcionários da agência bancária ainda demonstram perplexidade. "Para nós, foi um dos melhores gerentes que passaram por aqui. Uma pessoa muito legal e profissional. Essa operação nos deixou confusos", comentou um ex-colega, que pediu para não ser identificado.
"Os valores e bens bloqueados pela Justiça Federal não são suficientes para o ressarcimento dos clientes", declara o procurador da República José Alexandre Pinto Nunes. Mas como o MPF procederia caso a empresa disponibilizasse os recursos? "Não há como responder à pergunta já que se trata de uma hipótese", diz Nunes. Acusados de lucrar pelo esquema ilegal de pirâmide financeira, 15 operadores da InDeal respondem por crimes financeiros. Os dez que chegaram a ser presos em maio já estão soltos.