Na segunda-feira, estão mantidas as aulas na escolinha Carmem Ferreira, no Loteamento Porto Belo em Canoas, apesar da tragédia de Soledade. Psicólogos e professores tentarão abordar a dor do luto para os coleguinhas do pequeno Lorenzo Geraldi, 6 anos. Antes das crianças receberem a notícia do acidente na madrugada da última sexta-feira, elas já percebiam uma movimentação diferente, por causa do choro dos adultos na escola. Conforme a professora de Lorenzo, Pauline Marinho (foto), os educadores buscarão confortar os alunos e trabalhar a perda de forma pedagógica, ao invés de esconder a tristeza e a saudade.
A “profe” Pauline destaca que a última imagem do garoto era de felicidade por ter convencido pai e mãe a se aproximarem de novo. “Ele conseguiu que a mãe aceitasse viajar ao Paraná com o ex-marido para a família ir junta a uma festa de casamento no sábado”, conta. “Lorenzo era 'espoleta', repetia que queria ser bombeiro chefe, se orgulhava de uma vez ter conseguido que o pai, motorista de van, aceitasse levar toda a turma de graça, sem 'pagar' nada, num passeio ao shopping”.
Everton da Silva Geraldi era um motorista profissional conhecido em Canoas. O trabalhador de 36 anos conduzia o Peugeot 207 que bateu de frente em uma caminhonete Volvo V40, na madrugada de sexta-feira, por volta das 4h10, na altura do Km-236 da BR-386. Morreram com ele a esposa, Jaqueline Amaral Geraldi, 39 anos, o filho Lorenzo Geraldi, 6 anos, mais os pais, Ivanir Geraldi, 61, e Ana Lúcia da Silva, 55. Também faleceu Juarez Geraldi, 47, que era irmão de Ivanir e tio de Everton.
Antes de um primeiro contato oficial das autoridades, a microempresária de Triunfo Franciele Farias, 28, ficou sabendo, pelo rádio, de um acidente em rodovia do Noroeste do Estado. “Não foram divulgados os nomes, mas as características do carro e do número de passageiros me fez ficar em dúvida”, recorda a nora de Ivanir e Ana Lúcia, vitimados pelo acidente. “Comecei a ligar para os celulares de todos e só chamava, fui buscar detalhes na internet e tive certeza que realmente era minha família naquele acidente.” Centenas de pessoas lotaram o CSU para a despedida. “Meu sogro e minha sogra seriam padrinhos do casamento, agora os noivos e toda a família estão aqui nesse momento de tristeza”, aponta. “Não preciso falar de um isoladamente, todos eram pessoas de bem, batalhadores, cem por cento bondade.”