Gramado terá parques de diversão, hotéis, estádio de futebol e vinícola na RS-235

O mapa turístico nacional aponta Gramado entre os principais destinos de viagens no Brasil. A justificativa de visitantes e de agências de fomento, de acordo com o Prêmio Traveller's Choices, se assemelha: Gramado é uma cidade de interior que consegue acolher com qualidade, em sua extensão física, em torno de 6 milhões de turistas ao ano.

Esta estrutura de hospedagem e de entretenimento será incrementada na RS-235, no sentido de Nova Petrópolis. Um trecho de 4,7 quilômetros (entre o pórtico de acesso a Gramado e a praça do pedágio) passará a ter 12 empreendimentos de grande porte: no total, serão sete parques de diversão, três hotéis, um estádio de futebol e uma vinícola.

Deste conjunto de obras, sete já existem e as outras cinco estão em fase de licenciamento ambiental junto à prefeitura e de construção. Os 12 empreendimentos, após concluídos, representarão um total de 237,6 mil m² de área construída.

Depois de os cinco novos empreendimentos da RS-235 serem avaliados, a prefeitura de Gramado suspendeu por um período de seis meses (até março de 2020) a análise de novos projetos construtivos. A promessa do prefeito Fedoca Bertolucci foi confirmada no início deste mês. Esta é a segunda ocasião em que Fedoca assina a determinação (a primeira foi em janeiro de 2017). Este bloqueio é direcionado a obras de instalação de hospedagem e a residenciais plurifamiliares com mais de 40 unidades. O decreto defendido por Bertolucci explica que há uma necessidade imediata de planejar a estrutura urbana de Gramado e de avaliar a demanda para a instalação de novos hotéis ou de pousadas.

"Pode crescer"

Para construir, é preciso intervir no ambiente natural. É com esta preocupação que o Movimento Ambientalista da Região das Hortênsias (Marh) verifica e questiona as novas construções. A resistência não é relacionada à expansão do município, mas ao impacto no meio ambiente que este desenvolvimento gera em nível municipal e regional. “A mudança na RS-235 segue uma série de escolhas e estratégias que o poder público tem definido, há anos, para a cidade. O Movimento Ambientalista entende que precisamos de mais coerência. A região pode crescer, mas desde que haja preservação ambiental”, opina a presidente do Marh, Francine Roehe Broilo, que atua como arquiteta e urbanista em Gramado.

Bom ou ruim?

Os impactos destes 12 empreendimentos na RS-235 se dividem entre malefícios e benefícios, segundo a Comissão Especial da Agenda Estratégica e Mobilidade Urbana da Câmara de Vereadores de Gramado. "As mudanças são positivas porque concentram mais entretenimento em uma mesma região, como os parques, as áreas esportivas e de lazer. Assim o passeio do visitante será otimizado", garante o presidente da Comissão Especial, vereador Luia Barbacovi. "Por outro lado, é preciso pensar no excesso de oferta de serviços (como as opções de hospedagem) e no déficit de habitação popular destinada aos funcionários destes empreendimentos", avalia Barbacovi.

Os empreendimentos

A área historicamente tomada como rural é apontada como o novo espaço do turismo em Gramado. Ali se concentram hotéis de luxo e parques de diversão que prometem atrações todos os dias aos visitantes.

Os novos

1 - Parque da Mônica

Onde: RS-235, Linha Carazal, km 31, Rua, Germano Boff

Área construída: 9.384,50 m²

Atual situação: Em análise na prefeitura

2 - Hard Rock Hotel

Onde: RS-235, Linha Carazal, km 30 + 840 metros

Área construída: 89.657,35 m²

Atual situação: Em análise na prefeitura

3 - Golden Gramado Laghetto Resort

Onde: RS-235

Área construída: 35.659,15 m² de área e 295 m² de estacionamento

Atual situação: Aprovado, sob Alvará de Obra nº 366/16

Data da licença para início da obra: 8 de novembro de 2016

4 - Estádio do Gramadense

Onde: RS-235, Linha Carazal, km 30 + 86,77 metros

Área construída: 9.951,03 m²

Atual situação: Em análise na prefeitura

5 - Wyndham Gramado Termas Resort & Spa (parque)

Onde: Estrada Municipal Linha Ávila, Carazal

Área construída: 39.453,47 m²

Atual situação: Aprovado, sob Alvará de Obra nº 205/17

Data da licença para início da obra: 15 de setembro de 2017

Já existentes

6 - Wyndham Gramado Termas Resort & Spa (hotel)

Onde: RS-235, km 28

Área construída: 30.592,79 m² e 3.762,50 de box descoberto de estacionamento

7 - Kartódromo Tomasini

Onde: RS-235, Linha Carazal, km 31, Rua Germano Boff

Área construída: Prefeitura não tem a informação

8 - Gramado Cross Clube

Onde: RS-235, Linha Carazal, km 31, Rua Germano Boff

Área construída: Prefeitura não tem a informação

9 - Snowland

Onde: RS-235, km 28

Área construída: 16.296,50 m²

10 - A Mina

Onde: RS-235, Linha Carazal, km 31, Rua Germano Boff

Área construída: 1.221,42 m²

11 - Vinícola Ravanello

Onde: RS-235, km 28

Área construída: Prefeitura não tem a informação

12 - Parque Tomasini

Onde: RS-235, Linha Carazal, km 31, Rua Germano Boff

Área construída: 1.653,80 m² (corresponde ao restaurante)

EGR elabora estudos de geometria, drenagem e pavimentação

Os acessos para pedestres e veículos na RS-235 são elaborados pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Os projetos analisados pela estatal incluem estudo de geometria, drenagem, sinalização e pavimentação. O trabalho de verificação da estrada deve ser efetuado, ainda, pelos empresários à frente das construções. "Há obras na 235 cujos acessos estão em estudo . Nesta análise, os empreendimentos são tratados em conjunto quando são próximos um do outro", confirma a EGR. As novas construções que pretendem se instalar às margens das estradas estaduais devem solicitar o documento de alinhamento e autorização junto à EGR.

Prioridade: fatores econômicos ou sustentáveis?

O Plano Diretor de Gramado foi alterado em 2014 e definiu, desde então, um zoneamento especial para a área da RS-235 (a zona temática). Deste modo, de acordo com a presidente do Marh, a destinação daqueles terrenos passou a ser direcionada para novos e grandes empreendimentos turísticos. "A partir desta deliberação da zona temática, o que o Movimento Ambientalista percebeu foi que os fatores econômicos se sobressaíram muito mais do que as premissas para um real desenvolvimento sustentável da região. Este desenvolvimento deve considerar impactos ambientais e urbanos", explica.