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Notícias | Região Insegurança

Medo na passarela: comunidade e autoridades se mobilizam após mais um caso de estupro

Grávida de cinco meses, mulher de 24 foi vítima após caso semelhante há 351 dias no mesmo local, em Novo Hamburgo

Por Felipe Nabinger
Publicado em: 07.10.2019 às 06:48 Última atualização: 07.10.2019 às 12:39

Faltando duas semanas para que o caso de uma jovem de 20 anos, estuprada nas imediações da Passarela Osvaldo Kaiser em 2018, completasse um ano, um novo caso abala os moradores. A história repetiu-se, novamente em um sábado, novamente pela manhã. Por volta das 10h30, no último dia 5, uma jovem grávida teria sido vítima do crime que chocou, novamente, moradores dos bairros próximos, provocando manifestações da Associação de Moradores do Bairro Primavera. A concentração de manifestantes está prevista para a manhã desta segunda (7), próximo ao Posto Buda, com deslocamento para as proximidades da passarela.

Na pauta, pedidos para implementação de câmeras de videomonitoramento, entre outros. Uma das principais preocupações, é uma casa abandonada, localizada próximo ao local usado para cruzar a BR-116 pelos moradores. 'A casa era usada por traficantes, mas a Brigada Militar tem dado batidas ali regularmente. Porém seguem os marginais. Sempre monitoro aquele local', explica a presidente da associação, Juliane Lopes.

Juliane revela que há poucos dias, registrou ocorrência contra um homem que agia de forma agressiva.'Na quinta-feira da semana retrasada, realizei a ocorrência de um homem que estava no local e me ameaçou. Ele tem antecedentes por estupro, mas foi liberado da delegacia no mesmo momento que deixei o local. Ele voltou para lá, mas no mato existente do outro lado (em direção ao Centro). Segundo a BM esse homem, apesar dos antecedentes, não é o estuprador. É um outro", afirma. 

Ameaças e cobranças

A líder comunitária diz que vêm sendo ameaçada. 'Tenho três ameaças de morte referente aquele local. Sempre que vou acessar o casarão abandonado tenho que estar acompanhada de um segurança privado. Cansei de falar, preciso que as pessoas vejam', diz ao explicar o que motivou a manifestação.

Juliane explica os próximos movimentos da Associação de Moradores do Primavera Foto: fotos Gabriel Guedes/GES-Especial

Embora seja uma área particular, Juliane cobra ações da Prefeitura. 'Quando se tem um imóvel nocivo a prefeitura e a Defesa Civil podem agir. Além de correr o risco do imóvel desabar, eles ainda usam o local como refúgio. O local precisa de câmeras de vigilância. Tu tem tanto a alça quanto a área ao lado do hotel', afirma.

Além do ato pela manhã, moradores prometem estar na sessão da Câmara dos Vereadores, a partir das 18 horas. 'Todos que se sensibilizarem com a dor dessas famílias que venham. Quem tiver empatia por essa e outras mulheres são bem-vindos', conclama.

'A gente também fica indignado', diz secretário

O secretário de Segurança do Município, general Roberto Jungthon, afirma que medidas foram tomadas após os casos de violência sexual ocorridos no ano passado. 'Nós fizemos encontro reunindo diferentes esferas da segurança para organizar melhorias. A gente também fica indignado', garante. Jungthon confirma preocupações com o terreno abandonado nos arredores. 'O proprietário foi notificado para isolar o imóvel', salienta.

Buscas e investigação

Junghton afirma que a pasta está atenta ao fato e acompanha o trabalho da BM e da Guarda Municipal. "Desde o momento que foi noticiado, iniciaram as buscas. A BM tem percorrido diferentes locais, com o auxílio da Guarda. Agora é encontrar o suspeito e entregar para a autoridade policial", disse. A reportagem tentou contato com o delegado que assumirá as investigações, Clóvis Nei da Silva, que responde interinamento pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), mas não teve as ligações atendidas até o fechamento da edição. 

Família está abalada

"A família está passando por um momento extremamente delicado. O marido dela também está em choque", garante a presidente da Associação de Moradores do Bairro Primavera, Juliane Nunes, que afirmou fazer contato com a vítima desde o ocorrido.

A mulher, que foi encaminhada ao Hospital Municipal primeiramente, realizou o registro de ocorrência policial ainda na noite do sábado. "Foi um depoimento muito rápido. Com poucos detalhes", garantiu o delegado responsável pelo plantão da DPPA Alexandre Quintão. Ela teria passado, quando levada pela manhã à delegacia, uma descrição breve do suspeito. No entanto, muito abalada, foi encaminhada ao hospital, retornando ao local à noite para registro de ocorrência.

Menina salva pelo pai

Poucos dias depois do ataque à secretária, em 7 de novembro, houve uma tentativa de estupro contra uma menina de 9 anos, mas desta vez em outra passarela, a Thomas Engel, no bairro Rincão. No final daquela tarde, uma da quarta-feira, às margens da BR-116, a menina caminhava pela Rua 24 de Maio, dois passos à frente do pai, quando foi puxada pelo braço.

Conforme relatou na época o pai da vítima, de 33 anos, o agressor veio correndo do meio do mato e não teria visto que ele estava atrás da filha. Ele acabou fugindo. Ele chegou a ser contido pelo pai da menina, mas acabou fugindo. No dia 16 de novembro do ano passado, a Polícia prendeu o suspeito de cometer os crimes contra a secretária e a menina, um homem de 33 anos já condenado por estupro.

Suspeito preso em 2018

Renato Alves Maciel Foto: Divulgação

No dia 16 de novembro do ano passado, a Polícia prendeu o suspeito de cometer os crimes contra a secretária de 20 anos e a menina de 9. Já condenado por estupro, Renato Alves Maciel, o Cabeça, 33 anos, usufruía de liberdade condicional desde abril de 2018 e morava em Estância Velha. Ele cumpria medida de segurança no Instituto Psiquiátrico Forense, em Porto Alegre - pena imposta a condenados considerados inimputáveis, ou seja, sem condições de responder pelos seus atos por causa de problemas mentais.

Por ter sido identificado pelas autoridades na semana que antecedia o segundo turno das eleições, Maciel não podia ser preso por mandado, mas somente em flagrante. Ele acabou sendo preso no centro de Porto Alegre. Maciel está preso na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas. 

 

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