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Notícias | Região Polícia

Corpo de haitiano deverá ser sepultado em São Leopoldo

Homem de 39 anos morreu após quase três meses internado no Hospital Centenário

Por Renata Strapazzon
Publicado em: 12.11.2019 às 14:58 Última atualização: 12.11.2019 às 14:59

O corpo do haitiano que morreu depois de quase três meses internado no Hospital Centenário após ter sido baleado no bairro Santa Tereza, deverá ser sepultado em São Leopoldo. Até a tarde desta  terça-feira (12) ele seguia no Instituo Médico Legal (IML) de Porto Alegre. A previsão é de que a liberação para os atos fúnebres ocorra até quinta-feira (14). Membro da ONG Cibai Migrações, com sede na Capital, Vânia Souza, é uma das responsáveis por juntar e apresentar documentos necessários para isso. "Fazer o traslado do corpo para o Haiti seria inviável. Nem a família, nem o Estado teriam o valor necessário para isso", diz Vânia, que estima que o processo custaria de R$80 a R$100 mil.

Vânia foi a responsável por dar a notícia da morte do haitiano à família dele. Segundo ela, os pais, idosos, ficaram em choque e precisaram de assistência médica ao saberem do falecimento do filho. Eles não terão como vir ao Brasil para o sepultamento. Há, pelo menos, dois anos o haitiano vivia sozinho em São Leopoldo, após a esposa ter sofrido um novo quadro de depressão e ter voltado ao Haiti. Já o menino, dividiu este tempo entre os cuidados do pai, da família que buscava adotá-lo e em abrigos.

Segundo Vânia, a luta travada pelo haitiano não terá fim com a morte dele. "Em memória dele, vamos tirar a criança da família que busca a adoção. O menino tem que ficar longe dessa família para que este pai possa descansar em paz", diz. A reportagem não conseguiu retorno das advogadas da família para falar sobre o processo.

Disputa por guarda de criança motivou o crime

O haitiano foi baleado no último dia 20 de agosto pela mulher de um policial aposentado.  O homem, que não chegou a receber alta desde então, faleceu em decorrência dos ferimentos. Na data ele foi atingido por, pelo menos, dois disparos de arma de fogo. A vítima, que estava há mais de quatro anos no Brasil, travava uma batalha judicial para reaver a guarda do filho, que nasceu em setembro de 2015, em São Leopoldo. O homem foi baleado pela mãe adotiva da criança.

Para a data do fato, os dois lados divergiam em relação ao que teria acontecido e que acabou motivando o crime. O pai biológico, que chegou a falar com a reportagem do Jornal VS no leito do hospital uma semana após ser ferido, dizia ter sido enganado pelo casal de brasileiros e que apenas queria o filho de volta. Ele, que não lia em português, dizia ter sido coagido pelo casal de amigos que fez na igreja a assinar papéis onde autorizava passar a guarda do menino. Advogadas da família, no entanto, alegavam negligência do haitiano como pai, o que teria motivado a perda da guarda, e também ameaças que ele teria feito ao casal, que seguia em processo de adoção. Segundo elas, os documentos assinados, em janeiro de 2016 pelo pai biológico, foram uma declaração de guarda ao casal e também uma autorização para viagem, para que o PM aposentado e a mulher pudessem levar o bebê no passeio de férias. A defesa da mulher que atirou contra o haitiano, alega que ela agiu em legítima defesa.

O caso é investigado pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de São Leopoldo. Responsável pela investigação do caso, o titular da DPHPP, o delegado Ivair Matos Santos, diz que o inquérito deverá ser concluído nos próximos dias. No decorrer do processo, suspeita e vítima haviam sido ouvidos pela equipe da especializada.

O Jornal VS não está divulgando a identidade dos envolvidos para não identificar o menor de idade, respeitando o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina que: "O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais".

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