Moradores da Rua Leão, no bairro Zoológico, em Sapucaia do Sul estão há dias enfrentando o problema da falta de água. Eles apontam a ligação da rede do presídio da cidade, que fica no final da rua, como a principal causadora do problema. "Sempre enfrentamos falta de água recorrente aqui na rua, mas depois das obras da Corsan a situação ficou muito pior. Ficamos o dia todo sem água nas torneiras e quando volta é fraca e por pouco tempo, não dá sequer para encher a caixa", comenta a aposentada Maria Auxiliadora da Silva Moura, 60 anos.
Segundo ela, a comunidade se vira como pode para dar conta dos afazeres domésticos e diários. "Tem gente que compra água. Outros vão até a casa de conhecidos no bairro São João Batista para tomar banho e buscar baldes para beber, lavar a louça e cozinhar", conta. "Moro neste endereço há 39 anos e estou muito insatisfeita com tudo isto. Pagamos nossas contas em dia e não temos água para as nossas necessidades básicas. É nosso direito reivindicarmos pela nossa água", diz.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) informou que na terça-feira (18) foi realizada a interligação das redes de água para atender a nova Penitenciária, que já está abastecida e que nesta quinta (20) estaria realizando obras para melhorar o abastecimento de água da Rua Leão.
A rede que leva a água até o presídio de Sapucaia do Sul foi implantada no final do mês passado pelo Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) de São Leopoldo. A obra foi resultado de um acordo feito entre o prefeito Ary Vanazzi e o governador Eduardo Leite no início do ano. A nova rede de PEAD (polietileno de alta densidade) de 110 milímetros de diâmetro foi implementada para abastecer exclusivamente a casa prisional sapucaiense. A obra foi feita na Rua 20 de Setembro, no bairro São João Batista e utilizou o método não destrutivo, evitando, por conta disso, a abertura de valas na extensão da via, sendo cerca de 30% mais econômico que o destrutivo.
O valor investido na execução leopoldense da obra, estimado em cerca de R$65 mil será custeado Corsan que ficou responsável por fazer a travessia da rede pela BR-116 e a extensão de suas próprias tubulações no perímetro de Sapucaia. O volume de água consumido na penitenciária, 10 litros de água por segundo, será pago mensalmente pela Corsan ao Semae.
À Corsan caberá, também, a ligação de esgoto do presídio. "Quanto às redes de esgotos, a Corsan aguarda o licenciamento ambiental pela Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) para iniciar as obras", informa a assessoria de imprensa.
A obra do presídio de Sapucaia do Sul foi concluída pela Verdi Sistemas Construtivos no início de novembro passado. Ela havia começado no dia 7 de janeiro de 2019. Orçada em mais de R$ 44 milhões, a obra foi feita por meio de permuta no bairro Zoológico e tem área construída de 8.847,29 metros quadrados.Em troca, a empresa ganhará o terreno do ginásio da Brigada Militar, em Porto Alegre, salas do IPE e boxes de garagem.
Apesar de prevista inicialmente para dezembro do ano passado, a inauguração da casa prisional, que tem capacidade para 600 detentos do regime fechado, foi atrasada por causa do impasse para a instalação das redes de água e esgotos. Agora, de acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen) a expectativa é de que a casa prisional seja aberta e comece a receber os primeiros detentos no próximo mês de março.