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"É uma situação absurda. Eu jamais imaginei que passaria por isso. E o que mais nos assustou foi a naturalidade com que todos no posto reagiram. Pareciam já estar acostumados com esse tipo de situação", comenta Caroline Lambertes Müller, de 25 anos.
Não fosse pela ajuda de uma prima, moradora de Porto Alegre, teriam ficado ilhados naquele local. O crime, de furto em veículo, foi registrado na Delegacia de Pronto-Atendimento de Gravataí e será investigado pela 2º DP da cidade. E a delegada Luciana Smith confirma: "Este tipo de furto não é inédito naquele local".
Natural de Novo Hamburgo, Caroline mora com o companheiro na Argentina há cinco anos. O casal, acompanhado da cunhada dela, com o marido e os três filhos - de quatro meses, seis anos e 15 anos -, e ainda de outro casal de amigos, com duas crianças pequenas, de dois e cinco anos, em dois carros, seguiam para Tramandaí, no litoral norte, onde a família tem casa.
"Talvez por conhecer mais a nossa realidade, eu desci do carro de bolsa, mas eles, com crianças pequenas, acabaram deixando os pertences dentro dos carros. Só naquele tempinho em que fomos no banheiro, limparam tudo o que estava pelos bancos", relata Caroline.
A suspeita é de que os bandidos tenham desativado dos alarmes dos veículos para acessar mais facilmente os pertences. Em meio ao movimento do posto por volta das 19 horas, não foram percebidos.
Furtaram as identidades argentinas de todos os adultos e adolescentes, cartões de crédito, passaportes, vistos e os documentos dos veículos, além de dinheiro e dois aparelhos celulares. Como se não bastasse, em poucas horas, os criminosos já haviam gastado mais de 700 dólares dos cartões. Só depois eles conseguiram bloquear os cartões internacionais.
Ajudados por familiares de Caroline, e sem muitas alternativas, eles seguiram para Tramandaí, mas sem nenhum motivo para festa.
"A vontade de todos era voltar naquela hora mesmo, mas aí nos disseram que não temos como sair do país sem os documentos. Eles estão ilegais, por enquanto, no Brasil, por mais absurdo que isso pareça", desabafa a hamburguense.
É que eles terão de esperar até quarta, quando o consulado da Argentina poderá recebê-los em Porto Alegre para a confecção de novos documentos.
Conforme os investigadores da 2ª DP de Gravataí, outros casos semelhantes já foram registrados naquela localidade desde o ano passado. Em um destes crimes, imagens de uma câmera chegaram a ser analisadas, mas não foi possível identificar nenhum suspeito.
Ainda assim, a polícia conseguiu delinear o possível modo de agir de um grupo possivelmente organizado para isso, sobretudo em datas com grande movimentação na rodovia.
A suspeita é de que algum integrante do bando serve como olheiro, percebendo oportunidades para abordar carros deixados por clientes mais distraídos. Só então, outra parte do bando, provavelmente em um carro, entraria em ação para fazer a limpa do que tiver dentro do veículo.
Até a tarde desta sexta (21), nenhum dos pertences dos argentinos havia sido recuperado.
