Consternados e ainda muito abalados, amigos e familiares se despediram na manhã desta quarta-feira (26) de pai e filhos moradores de São Leopoldo que morreram em um acidente de trânsito na tarde de segunda-feira (24), em Taquari.
O velório da família aconteceu durante a madrugada, a partir das duas horas na Igreja Pentecostal. Além de Gilmar e dos meninos, o acidente vitimou Jorge Miguel dos Santos, 46, que dirigia o automóvel Gol em que a família estava. O corpo de Jorge foi sepultado do Cemitério de Santa Tecla. Do Gol, sobreviveu Kaio Ruan Rodrigues Cargnin, 11, que segue internado no Hospital Centenário, em São Leopoldo. Ele teve fraturas na mandíbula, no úmero e no fêmur, e deverá passar por cirurgia ainda nesta semana.
Todas as quatro vítimas eram moradoras do Morro do Paula. Além delas, morreram ainda outras duas pessoas, que estavam em uma caminhonete Fiat Toro, com placas de Segredo, também envolvida no acidente. Da Toro, faleceram Clarissa Marina Jahn, 39, e Ana Ilce Bulegon Jahn, 64, que eram filha e mãe.
Ficaram feridos Ubirajara Moacir Unfer, 49, Nicolli Jahn Unfer, 10, e Natal Jahn, 65. O estado de saúde dos feridos não foi informado.
Professora de catequese de dois dos meninos da família Rodrigues Cargnin e madrinha da mãe deles, Marlene Silveira Krining, 74, foi a responsável pelas palavras de consolo aos parentes e amigos aos pés do túmulo onde os corpos de pai e filhos foram sepultados. "É muito triste. Estamos até agora sem entender como uma coisa dessas foi acontecer. Foi a maior tragédia do Morro. Em 40 anos que moro aqui nunca vi algo parecido. Quatro moradores, pessoas queridas nossas, morrerem assim", lamenta.
Uniformizados, colegas de trabalho de Gilmar se despediram daquele a quem se referiram como "um cara gente boa". Segundo eles, há cerca de três anos, o patriarca da família Cargnin trabalhava em uma mineradora de Gravataí. "Era um ser humano fantástico, de grande caráter e um excelente profissional", disse Marco Antônio Pacheco Rosa, 54 anos.
Segundo ele, os colegas ficaram sabendo do acidente pela imprensa e levaram um grande susto ao descobrir que entre as vítimas havia pessoas tão próximas. "Além do Gilmar, também o Jorge era muito conhecido na comunidade de Santa Tecla. Ficamos bastante abalados", completa.
Esposa de Gilmar e mãe dos meninos, Jaqueline Rodrigues, não acompanhou o sepultamento. Ela e a filha mais velha, Cassiane, 20, estavam sob efeitos de calmantes desde o dia do acidente. A jovem, precisou ser amparada pelo namorado, Deividi Azevedo da Silva, 22, na chegada ao cemitério. "Elas estão muito abaladas. Está sendo muito difícil toda essa situação o para toda a família", comenta Deividi.
Único sobrevivente do veículo Gol, Kaio Ruan Rodrigues Cargnin, 11 anos, estuda no quinto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Zaira Hauschild. No retorno do feriadão, na manhã desta quarta-feira (26), colegas de turma foram informados do acidente envolvendo a família do garoto. "Estamos consternados pela família. A professora conversou com a turma explicando que o Kaio vai precisar muito da ajuda dos amigos e professores quando voltar. Vamos preparar uma acolhida a ele", comenta a vice-diretora, Renata Luchese da Costa.
O acidente aconteceu por volta das 17 horas na RS-287, em Taquari. O titular da Delegacia de Encantado, Augusto Cavalheiro Neto, estava respondendo pelo plantão da 19ª região no feriado e foi o responsável pelo início da investigação do acidente. Segundo ele, a hipótese mais provável é de que o Volkswagen Gol, com placas de São Leopoldo, tenha invadido a pista contrária depois de colidir contra a guarda da ponte, atingindo frontalmente a caminhonete Fiat Toro, com placas de Segredo.
"Ainda é prematuro firmar alguma posição do que possa ter acontecido com certeza, mas inicialmente a hipótese mais provável é que o Gol tenha colidido com a guarda da ponte e em razão desta colisão o condutor tenha perdido o controle invadindo a pista contrária", diz. "Só o que nos dará certeza será o laudo pericial produzido pelo IGP", pontua.
Conforme o delegado, o laudo do IGP deve levar de 30 a 60 dias para ser emitido. Além disso, os sobreviventes, estando aptos, também deverão ser ouvidos. "Principalmente o motorista da Toro", reforça.