Depois de anos em crise, o Hospital Bom Jesus de Taquara fechou as portas. O desfecho de uma situação crítica que se arrastava desde 2017 foi oficializado no início desta semana pelo juiz federal Nórton Luís Benites. Com isso, a comunidade do Paranhana que era atendida pelo Bom Jesus já enfrenta dificuldades. Com 99 leitos, o hospital era referência para sete municípios – Cambará do Sul, Igrejinha, Parobé, Riozinho, Rolante, São Francisco de Paula, Taquara e Três Coroas.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) precisou, por decisão do juiz, criar um plano de contingência para garantir atendimento às comunidades:
* Maternidade, nefro-fístulas e intercorrências, cirurgia geral e de traumato eletivas e de urgência: Hospital de Parobé.
* Internação clínica: Hospital Parobé e Hospital de Igrejinha.
* Emergência Básica: Pronto atendimento 24 horas de Taquara, Hospital Parobé e Hospital de Igrejinha.
* Internação em Saúde Mental: Hospital de Três coroas e São Francisco de Paula.
* Mamografia: Hospital São Francisco de Paula.
* Endoscopia e Colonoscopia: Hospital de Três coroas.
* Oncologia - Avaliação e encaminhamento via Regulação do Estado.
* Trauma e AVC - Hospital Municipal de Novo Hamburgo e HPS de Canoas.
Conforme as assessorias de imprensa do Hospital São Francisco, de Parobé, e Bom Pastor, de Igrejinha, já faz algum tempo que a população procura atendimento nas cidades vizinhas. Por conta disso, o tempo de espera para atendimento tem sido longo, podendo chegar a cinco horas.
Em nota conjunta, o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual manifestaram-se sobre a situação do Hospital Bom Jesus. O MPF e o MPE acompanham de perto os problemas enfrentados pelo hospital, e segundo a nota, monitoram a situação em que se encontrava a prestação do serviço público, motivo da intervenção judicial na casa de saúde em 2017. Os MPs salientam que, apesar da intervenção, os problemas continuaram e a ABSS tem atrasos de verbas trabalhistas de R$ 3 milhões. Por isso, os MPs se manifestaram judicialmente para que os próximos depósitos por parte do Estado e do município fossem consignados judicialmente, para salvaguardar a inadimplência originada pela interventora, e evitar uma "bola de neve". A nota acrescenta que a desistência de gerir o hospital pela ABSS é ato unilateral exclusivo, posterior ao bloqueio judicial de valores.
O prefeito de Taquara, Tito Livio Jaeger Filho, por meio de assessoria, disse que o município e o Estado já trabalhavam em conjunto para encontrar uma solução e as tratativas estão avançadas. "Estaremos realizando os devidos encaminhamentos necessários, principalmente junto aos Ministérios Públicos Federal e Estadual e ao Poder Judiciário. Se tudo ocorrer conforme planejado, os serviços de nosso hospital serão normalizados ainda dentro da primeira quinzena de abril", diz o prefeito.
A prefeitura anunciou licitação para o hospital, mas o TCE suspendeu até que as denúncias envolvendo a casa de saúde fossem apuradas.
Associação Beneficente Silvio Scopel (ABSS) passou a ser gestora do hospital em 2017 por intervenção judicial solicitada pelo Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual, que afastou o Instituto de Saúde Educação Vida (Isev) da direção. Agora, conforme decisão do magistrado, o hospital está sob responsabilidade do governo do Estado e da prefeitura de Taquara.
Os cerca de 250 funcionários da ABSS foram comunicados da situação pela direção da ABSS. Eles permanecem na casa de saúde até que os poucos pacientes internados sejam transferidos para outros hospitais.