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Notícias | Região Pandemia

Após paralisação das atividades, fábricas de calçado voltam a produzir na região

Calçadistas adotaram medidas de prevenção ao novo coronavírus; apesar da retomada, indefinição de melhora no cenário preocupa as empresas

Por Nicolle Frapiccini
Publicado em: 14.04.2020 às 08:05 Última atualização: 14.04.2020 às 11:50

Empresas de calçados estão retomando a produção adotando medidas preventivas Foto: Nicolle Fracippini/GES-Especial
Aferição da temperatura na entrada das fábricas, uso de máscaras, distanciamento, álcool gel em todas as áreas e escalonamento nos refeitórios. Essas são algumas das medidas que, agora, fazem parte da rotina de trabalho dos profissionais da indústria da região. Iniciativas que foram adotadas para que o retorno das atividades ocorresse de maneira segura com medidas de prevenção que protejam funcionários, colaboradores e clientes. Ações que já estão sendo praticadas em calçadistas da região que reativaram suas esteiras de produção nos últimos dias após a paralisação.

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Pequenas, médias e grandes empresas estão, aos poucos, retornando suas atividades em meio a um cenário que ainda traz muito mais perguntas do que respostas. "Estamos indo passo a passo. Quem conseguir passar por essa crise vai sair mais forte. Tudo pode acontecer, ninguém tem um cenário", afirma Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi, de Parobé. A calçadista foi uma das fábricas da região que retomaram, na segunda-feira, dia 13, a produção após 20 dias de férias coletivas.

"Voltamos com jornada reduzida de 25% e a suspensão do contrato de trabalho para colaboradores do grupo de risco. Medidas tomadas inicialmente por 30 dias mas que podem ser prorrogadas conforme as avaliações", revela Andrea, ao dizer que nesse período a empresa não demitiu nenhum funcionário. "E não pretendemos. Essa é a nossa última alternativa. Estamos preservando os empregos até porque acreditamos que vamos precisar do time quando a situação retornar."

Outra empresa calçadista da região que retornou às atividades na segunda-feira e que ainda não havia feito desligamentos é o Grupo Ramarim, que tem unidades produtivas em Sapiranga e Nova Hartz. Os 1,9 mil colaboradores voltaram após o período de férias e também receberam as orientações que estão sendo adotadas pela empresa. Entre elas, o distanciamento de, no mínimo, um metro entre os colaboradores de qualquer área e a não necessidade de marcação de ponto ao final da jornada.

Finalização de pedidos

Apesar do retorno das atividades em muitas empresas de calçados, os empresários do setor estão muito preocupados com o cenário, adianta o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Haroldo Ferreira.

"A maioria das calçadistas que estão retornando estão finalizando os pedidos que ainda não terminaram e que não foram cancelados. E muitas estão retornando aplicando uma das possibilidades propostas pelo governo, como a redução da jornada de trabalho e do salário e a suspensão do contrato para as pessoas que integram o grupo de risco", afirma Ferreira, ao revelar a grande preocupação das empresas. "Enquanto o comércio não retornar, a indústria não vai ter o que produzir. A economia precisa voltar a girar", pontua, o presidente-executivo.

Desligamentos no setor já chegam a 15 mil no País

Desde o início da pandemia, a Abicalçados tem feito levantamentos semanais. E os últimos dados apontavam para 15 mil demissões no setor entre as fábricas brasileiras. No Rio Grande do Sul, a entidade calcula que três mil pessoas já foram desligadas. "Nenhuma empresa quer demitir, infelizmente as que fizeram optaram em virtude de uma análise do cenário futuro", salienta Haroldo Ferreira. O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, lembra que a indústria só produz se tiver onde vender. "Não adianta o fabricante de calçado fazer um produto se ele não terá onde vender."

Falta de pedidos preocupa calçadista

Com 100 colaboradores a Di Valori Calçados também retornou às atividades ontem. O diretor da calçadista de Três Coroas destaca que a empresa vai terminar os pedidos que não foram finalizados antes da paralisação. "Vamos terminar eles e esperar esses 15 dias porque não temos novos pedidos. O problema maior vai ser quando terminar esse período. Hoje não sabemos o que vamos fazer", fala Rogério Müller, ao dizer que os colaboradores estão fabricando as próprias máscaras e trabalhando com o distanciamento de segurança.

Abicalçados fez cartilha para o setor

Em parceria com sindicatos de todo o País, a Abicalçados montou uma cartilha com orientações e sugestões para as empresas do setor adotarem no retorno das suas atividades. "Fizemos para que as empresas voltem com segurança e muitas foram, inclusive, além das recomendações", frisa Haroldo Ferreira. No documento, as entidades destacam que a saúde precisa estar em primeiro plano para uma retomada das atividades com segurança. Algumas das sugestões, foram:

- defina quem são os trabalhadores afastados e os autorizados a retornar. Colaboradores que pertencem ao grupo de risco devem ser afastados;

- flexibilizar os horários de entrada e saída, estabelecendo horários diversos para funcionários de alguns setores, o que evitará a aglomeração de pessoas na entrada e saída das fábricas e nos relógios de ponto;

- redução de reuniões presenciais, com estímulo de reuniões virtuais mesmo no ambiente da empresa;

- criar um Comitê interno de combate à Covid-19, cujos membros serão escolhidos pelo empregador;

- havendo a possibilidade, deverá haver o espaçamento de no mínimo 01 (um) metro de distância entre um colaborador e o outro; lateral e frontalmente;

- disponibilizar em todas as bancadas e próximos às máquinas, recipientes contendo álcool gel 70% para que de tempo em tempo os colaboradores possam realizar a sua respectiva higienização.

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