Publicidade
Botão de Assistente virtual
Notícias | Região Criança e Adolescente

Quatro meninas de até 13 anos são estupradas por hora no Brasil; veja como denunciar

Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes acontece nesta segunda-feira

Por Débora Ertel
Publicado em: 18.05.2020 às 03:00 Última atualização: 18.05.2020 às 08:29

É dentro de casa que está a maioria dos abusadores, conforme os dados estatísticos disponíveis sobre a juventude Foto: Childhhood Brasil/Divulgação
Nesta segunda, é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Mais do que falar em números de quantos menores já foram violentados, desta vez a data quer chamar atenção para a ausência de estatísticas atuais. Com a pandemia de coronavírus e os menores isolados dentro de casa, a maioria das vítimas não tem para quem pedir ajuda. O histórico de agressões do Brasil é de quatro meninas de até 13 anos serem estupradas por hora. "A maior parte das violações ocorrem dentro de casa, na própria família, e agora elas não têm como levar isso diante. Infelizmente, a nossa expectativa é que essas denúncias venham ocorrer tardiamente." É assim que a promotora de Justiça e Coordenadora do Centro de Apoio da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões, Denise Casanova Villela, define o momento que enfrenta a sociedade.

Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), em 2019 foram notificados no Estado 2.469 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Destes, 83% cometidos contra meninas. Em 92% dos crimes o agressor é conhecido da vítima e em 77% o local onde ocorreu a violência foi a residência. Com os serviços de assistência social, saúde e conselho tutelar funcionando de modo remoto ou somente em casos de urgência, além das escolas fechadas, os canais de denúncia disponíveis hoje estão enfraquecidos. "É claro que isso causa uma angústia na gente. Todo o sistema está angustiado. O que podemos fazer neste momento é estimular as denúncias pelo disque 100", salienta a representante do Ministério Público (MP).

Encaminhamento

O serviço recebe denúncias anônimas de todo o Brasil e encaminha para os órgãos competentes de cada cidade, caso a caso, para averiguação. Mas até o Disque 100 em tempos de Covid-19 toca menos. Levantamento solicitado pelo MP mostra que até dia 12 de maio, apenas 25 denúncias de violações contra crianças e adolescentes foram feitas do Rio Grande do Sul. Já no primeiro semestre de 2019, o Disque 100 recebeu 386 denúncias de violência sexual, sendo 305 de abuso sexual.

 

Atendimentos

Foram 30 atendimentos de abuso sexual registrados pelo Conselho Tutelar. No entanto, o órgão atendeu mais casos. Isso ocorre porque os conselheiros ainda estão se familiarizando com a base de dados.

O que é violência sexual?

É uma violação dos direitos sexuais, porque abusa e/ou explora o corpo e da sexualidade, seja pela força ou outra forma de coerção, ao envolver crianças e adolescentes em atividades sexuais impróprias à sua idade ou ao seu desenvolvimento físico, psicológico e social.

A violência sexual pode ocorrer no ambiente intrafamiliar. É crime previsto no Código Penal e no ECA.

Preste atenção nos sinais

Alguns sinais de violência sexual: a vítima fica mais introspectiva. Também começa a fantasiar histórias com outras situações que, no fundo, falam do que está passando. Tem sono perturbado, pode voltar a fazer xixi na cama. Comportamento pode ser mais sexualizado do que o normal na idade.

Canais de ajuda e denúncia

Disque 100: é um serviço gratuito, onde a pessoa passa pelo atendimento eletrônico e é encaminhada para um atendente. A denúncia é anônima. Aplicativo Proteja Brasil (iOs e Android): dá para preencher um formulário. Ainda há a Brigada Militar (190); Disque Denúncia da Polícia Civil (181); e o Ministério Público pelo site www.mprs.mp.br/atendimento.

Estatuto completa 30 anos em 2020

Neste ano, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), marco legal na defesa dos direitos das crianças e adolescentes completa 30 anos. Além disso, a campanha Faça Bonito, que nasceu junto o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, comemora 20 anos. Essa data foi escolhida para homenagear Araceli Cabrera Crespo, uma criança de 8 anos que foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada, no Espírito Santo, em 1973.

Conselheiros buscam alertar autoridades

Em Novo Hamburgo, para lembrar o dia, o Conselho Tutelar pendurou um banner na fachada da sua sede. Além disso, foram confeccionadas máscaras com uma flor, que é símbolo da campanha Faça Bonito. Apesar do Conselho não ter atendimento presencial em razão da pandemia, as urgências e as solicitações do poder judiciário são atendidas. O Conselho também continua recebendo denúncias pelo número (51) 99701-8406. A presidente do conselho Região 2, Andiara Zanella, salienta: "É importante ligar se há suspeita. É anônimo, não precisa se identificar. Precisamos que as pessoas não se omitam."

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas

Olá leitor, tudo bem?

Use os ícones abaixo para compartilhar o conteúdo.
Todo o nosso material editorial (textos, fotos, vídeos e artes) está protegido pela legislação brasileira sobre direitos autorais. Não é legal reproduzir o conteúdo em qualquer meio de comunicação, impresso ou eletrônico.